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Rio acusa apoiantes de Rangel de "terem medo" do voto aberto a mais militantes

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O presidente do PSD e recandidato acusou os apoiantes do seu opositor Paulo Rangel de "terem medo" de abrir os cadernos eleitorais, dizendo tudo ter feito para que o partido tenha bom resultado e ganhe as legislativas.

"Fiz tudo o que estava ao meu alcance para que o PSD tenha um bom resultado e ganhe as eleições ao PS a 30 de janeiro, procurei que não houvesse eleições internas antes das legislativas", afirmou Rui Rio, em declarações aos jornalistas, no final do Conselho Nacional do PSD que durou oito horas.

O presidente do PSD frisou que, por outro lado, propôs que "votassem todos os militantes ativos", o que alargaria do universo eleitoral de cerca de 27 mil militantes com as quotas em dia para os mais de 80 mil com uma quota paga nos últimos dois anos.

"Também não quiseram: o Conselho Nacional teve medo, os apoiantes de Paulo Rangel tiveram medo que os cadernos eleitorais fossem abertos aos militantes todos", criticou.

Rio recordou que esta votação foi feita "de bracinho no ar", à vista de todos.

"Afinal quem tem medo que votem todos é quem dizia que eu tenha medo", criticou.

À pergunta se, apesar de ter visto derrotada a sua proposta de calendário das diretas e de alargamento do universo eleitoral, mantinha a sua recandidatura à presidência do PSD, Rio respondeu: "Com certeza".

Questionado como irá fazer a campanha, Rio assegurou que procurará "minorar o prejuízo" de ter "uma frente de batalha interna em que se dispara uns contra os outros, em vez de contra os adversários".

"É muito diferente de fazer livremente a campanha. Vamos ver o que dizem os militantes em termos de resultado final", afirmou.

Questionado se esta "guerra" seria assim tão diferente se o Conselho Nacional tivesse aprovado diretas em 20 de novembro, como propôs, em vez de 27, Rio considerou que haverá "uma diferença muito grande" no ambiente no partido até às diretas e, depois, das diretas ao Congresso.

"Até lá, está-se no auge da disputa eleitoral, a partir do momento em que sabe quem é o presidente eleito não é a mesma coisa", referiu.

O Conselho Nacional no PSD aprovou no sábado a marcação de eleições diretas para escolher o próximo presidente do partido para 27 de novembro e o Congresso para os dias 17, 18 e 19 de dezembro.

Esta proposta foi a defendida pelo candidato à liderança Paulo Rangel e teve 76 votos a favor, 28 contra e 18 abstenções.

A proposta de Rangel mantém o regulamento de quotas em vigor, segundo a qual só poderão votar os militantes com as quotas em dia, e fixa uma eventual segunda volta em 01 de dezembro.

Esta votação foi realizada de braço no ar, poucos minutos depois de o Conselho Nacional ter rejeitado a proposta do presidente e recandidato Rui Rio para realizar eleições diretas em 20 de novembro, com a possibilidade de todos os militantes ativos poderem votar.

Foi, aliás, o universo de militantes que poderão votar nas próximas diretas que impediu o consenso entre as duas candidaturas, já que Rio pretendia que pudessem votar todos os militantes ativos, ou seja, que tenham uma quota paga nos últimos dois anos (cerca de 83 mil) e não apenas os 27.000 que já regularizaram a quota de dezembro.

Esta posição é contrária à que Rio defendeu em 2019, quando foi proposta pelo seu opositor interno de então, Luís Montenegro, e o presidente do PSD justificou a mudança de posição com "a situação excecional" do PSD, que vive uma disputa interna em vésperas de legislativas.

Os dois candidatos acabaram por coincidir na data final proposta para o Congresso, entre 17 e 19 de dezembro, para não se sobrepor à reunião da Associação Nacional de Municípios, em 11 e 12 de dezembro.

O Conselho Nacional do PSD rejeitou ainda uma proposta do militante histórico Alberto João Jardim para adiar as diretas e o Congresso para depois das legislativas de 30 de janeiro.

O adiamento das diretas também era a "posição de princípio" de Rui Rio, que tem defendido ser "um absurdo" que o PSD esteja em disputa interna de vésperas de legislativas.

No último Conselho Nacional, realizado em 14 de outubro, o presidente do PSD formalizou mesmo uma proposta para suspender o calendário eleitoral interno para depois de se esclarecer se o Orçamento do Estado era ou não aprovado. A proposta acabaria rejeitada (por braço no ar) com 71 votos contra, 40 a favor e quatro abstenções, votação idêntica com que foi rejeitado o seu requerimento de sábado (71/40).