Fomento da economia e criação de emprego não é para leigos
Existem autarquias, na nossa região, não cabe aqui a sua designação, pois logo seria acusado de “vendido”, que teimam em querer fomentar o apoio social na área da sua autarquia apenas através da oferta de um cabaz social, da colaboração no levantamento das pensões dos reformados, de um saco de cimento, de um punhado de brita e de areia, de um frigorifico, de uma máquina de lavar roupa e outros bens que, em tempo de eleições, são usados para “comprar” votos às pessoas menos esclarecidas, aos mais idosas e débeis, mas tudo isto, em forma de arraial e em prol de campanha eleitoral, em detrimento de um verdadeiro e eficaz fomento da economia local, que deveria ter como contrapartida a verdadeira criação de emprego.
A existência de emprego permite a redução da pobreza e das necessidades básicas, dispensavam os cabazes… mas também acabavam-se as promoções pessoais … Faz-me pensar o sentido “antigo” de “misericórdia”: ainda bem que existem pobres para eu dar umas esmolinha!
Mas para o leigo (que é isso mesmo, ou não passa disso), desconhecedor e sem ideias, fomentar o apoio social, na sua versão primária de “caridadezinha”, é mais simples, é mais barato, e até dá direito a notícia na comunicação social (fica bem na fotografia!), e não coloca em causa a sustentabilidade financeira da “sua” câmara, porque é uma fatia diminuta e insignificante, e muito menos o seu ordenado chorudo se comparado com o que ganhava antes do “tacho camarário”.
Criar soluções alternativas, que fomentem o desenvolvimento económico das regiões e localidade, dos municípios, e a fixação dessas empresas e consequentemente a criação real de emprego, são operação complexas que necessitam de conhecimentos, de técnicos especializados nesta área (e não de amadores), de execução de operações de divulgação (de complexa logística), de muito trabalho e vontade, o que não abunda na ou nas autarquias de pensadores de mentes pequenas, que ainda vivem sob o complexo de que apoiar as empresas e o seu desenvolvimento é estar contra o trabalhador. Com estão enganados! Mas vão às empresas buscar impostos e taxas …
Reduzir a receita através da redução dos impostos e das taxas camarárias, nomeadamente a derrama, tendo como contrapartida a fixação das empresas e a criação e manutenção dos postos de trabalho durante um período fixado e controle dessa benesse dada às empresas é colocada de parte por falta de conhecimentos. E seria uma mais-valia para o município.
A alternativa, mais fácil, é vir para a praça pública gritar que está a dar grandes apoios sociais, quando os mesmos não passam de parcas migalhas de “caridade”, e quando a população, e particularmente a camada jovem, quer um emprego real e concreto, que lhe permita a sustentabilidade e independência financeiras dos seus pais, melhorando e atualizando a sua formação académica, técnica ou profissional, constituindo a sua família em segurança, alugando ou comprando a sua habitação, acedendo aos bens essenciais (e dispensando os cabazes bem arrumadinhos para a fotografia), vivenciando a cultura… , ou seja, tendo uma vida digna de cidadão.
É importante criar uma logística de apoio aos mais velhos? É!
É importante ajudar os mais necessitados (por várias razões e condições)? É!
É importante combater a fome? É!
Mas, como diz o tão conhecido provérbio chinês, atribuído a Lao-Tsé, filósofo da China antiga, “Dê ao homem um peixe e ele se alimentará por um dia. Ensine um homem a pescar e ele se alimentará por toda a vida”: é isso, não dê uma “esmolinha”, dê emprego (trabalho, sem preconceito), e só assim os homens serão livres, por independentes.
A “esmolinha” e a “caridadezinha” são fracas estratégicas e caraterizam os políticos imbuídos de “chico-espertismo”! Mas o mundo não é dos espertos, terá de ser dos inteligentes.
Orlando Fernandes