Metade das escolas públicas portuguesas no projecto da Academia de Líderes Ubuntu
Metade das escolas públicas portuguesas aderiu ao projeto da Academia de Líderes Ubuntu e vai reunir-se na próxima segunda-feira para partilhar experiências em torno desta proposta de educação que visa uma comunidade mais solidária e mais humana.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do Instituto Padre António Vieira (IPAV), responsável pelo projeto, sublinhou a importância deste Encontro Nacional de Escolas Ubuntu, que deverá reunir, em Lisboa, cerca de mil participantes de todo o país e que contará com a participação do ministro da Educação.
Segundo Rui Marques, será um encontro muito centrado "em torno desta proposta de educação para a cidadania, de capacitação de competências sócio-emocionais e de mobilização para a promoção do sucesso educativo".
As Escolas Ubuntu inserem-se no âmbito do plano de recuperação da aprendizagem do Ministério da Educação e no presente ano letivo, pela primeira vez, todas as escolas se podem candidatar a esta ferramenta de trabalho.
Para já, estão envolvidas cerca de 350 escolas, o que representam 50% do sistema, em 150 concelhos do país.
"Esta é uma iniciativa que o Ministério da Educação apoia para as escolas públicas que, voluntariamente, decidam aderir. E acreditamos que muitas mais vão aderir", disse Rui Marques.
Atualmente, decorrem ações de formação para professores, psicólogos, assistentes operacionais, que deverão atingir cerca de 1.700 pessoas. São estes professores que depois irão garantir a existência de equipas de formação do metido Ubuntu.
Em declarações à Lusa, o secretário de Estado adjunto e da Educação, João Costa, afirmou que o Ubuntu "tem muitas provas dadas de eficácia na promoção do bem-estar e do envolvimento dos próprios alunos".
"Por isso, estamos a fazer esta parceria, permitindo que todos os agrupamentos que desejem adiram a este programa tão transformador", referiu.
E acrescentou: "Sabemos que, para muitos alunos, as dificuldades de aprendizagem se devem a obstáculos em gerirem as suas emoções, em se relacionarem consigo e com os outros, com consequências na autoestima, na confiança e no controlo das atitudes".
"Quisemos, no âmbito do plano de recuperação das aprendizagens 21|23 Escola+, dar um impulso grande ao trabalho sobre competências sociais e emocionais, apoiando os professores tutores das escolas, tanto mais que uma das grandes faturas da pandemia está ao nível da perturbação das emoções", prosseguiu.
O método Ubuntu passa pelo aprofundamento do conhecimento de si e das suas capacidades e forças -- os três primeiros passos -- seguindo em direção ao outro -- os dois últimos passos, numa dinâmica perpétua e circular, onde se volta sempre ao centro de cada um, para poder ir ao encontro do outro de forma renovada e melhorada.
Segundo Rui Marques, esta é uma ferramenta com resultados positivos comprovados na promoção do sucesso escolar, no combate ao bullying, entre outras áreas.
Os resultados expectáveis passam por "uma comunidade educativa, quer do lado dos educadores Ubuntu, quer dos jovens participantes nas academias, que seja capaz de cuidar melhor -- de si próprio, dos outros e do planeta -- tanto na dimensão da liderança servidora, como na dimensão da construção de pontes. Uma comunidade mais inclusiva, que promova o pleno desenvolvimento de todos e qualquer um dos seus elementos, uma comunidade mais solidária, mais humana e capaz de avançar para os desafios que sempre estarão no seu caminho".
A primeira fase, em curso, está a formar 1.700 formadores, seguindo-se as semanas Ubuntu, com grupos de vários alunos, que realizam todo o trajeto, que começa pela liderança com Nelson Mandela, e por último a criação dos clubes Ubuntu nas escolas, aos quais cabe pôr em prática estes princípios, através dos planos de atividades da escola.
O método Ubuntu aposta no desenvolvimento de cinco competências centrais: Autoconhecimento, autoconfiança e resiliência, a empatia e serviço.
A Academia de Líderes Ubuntu é um espaço onde se privilegia a aprendizagem e o desenvolvimento integral dos participantes, promovendo outras competências, como o trabalho de equipa, o pensamento crítico e autorreflexivo, a comunicação, a resolução de problemas, entre outras.