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PR garante que não foi "sensível a razões partidárias" na escolha da data das eleições

Foto: ANTÓNIO COTRIM/LUSA
Foto: ANTÓNIO COTRIM/LUSA

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, garantiu hoje que "não foi sensível a razões partidárias" na escolha de 30 de janeiro de 2022 para as eleições legislativas antecipadas, mas apenas ao "interesse nacional".

"É evidente que não foi sensível a razões partidárias, minimamente, basta ver os prazos para ver que não foi sensível", realçou aos jornalistas o chefe de Estado, à margem do 3.º Encontro Nacional de Cuidadores Informais, em Évora.

Questionado sobre as críticas feitas por alguns partidos sobre a data das legislativas antecipadas, Marcelo Rebelo de Sousa vincou que o Presidente da República "define-se em função do interesse nacional".

Segundo o chefe de Estado, se as eleições fossem marcadas para uma data anterior, as "decisões partidárias seriam posteriores ou, no máximo, simultâneas com o fim do prazo de entrega de candidaturas".

"Pesou esta circunstância: tinha de ser rápido, em janeiro e a tempo de haver campanha, que são duas semanas, mais os debates, participando o maior número de forças concorrentes, num tempo que não fosse em cima do ano novo", referiu.

Marcelo lembrou que ele próprio, nas duas vezes em que foi candidato presidencial, passou pela "experiência" de participar em "debates no período entre o Natal e o fim do ano e em cima do começo do ano".

Nessa altura, "tinha visto o que tinha sido", ou seja, "o atropelamento dos debates, a insuficiência do tempo para os debates e a sobreposição, depois, relativamente à campanha eleitoral", salientou.

Recusando comentar as críticas de dirigentes partidários, o Presidente da República considerou que "eram tão óbvias as razões de interesse nacional" para a escolha do dia 30 de janeiro de 2022 e admitiu que a data implica "sacrifícios para todos".

"Uns gostariam muito mais cedo, outros gostariam muito mais tarde, mas o Presidente cortou a direito, pensado no interesse nacional", sublinhou.

O chefe de Estado notou que a escolha desta data para as legislativas antecipadas também teve em conta "a preocupação da Assembleia da República e do Governo de fazerem aprovar diplomas que consideravam fundamentais".

O Presidente da República convocou eleições legislativas antecipadas para 30 janeiro de 2022 na sequência do "chumbo" do Orçamento do Estado do próximo ano, no parlamento, em 27 de outubro.

O Orçamento teve apenas o voto favorável do PS e os votos contra das bancadas do PCP, BE e PEV, além dos deputados da direita, PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega. O PAN e as duas deputadas não inscritas abstiveram-se.

A perda do apoio parlamentar no Orçamento do Estado de 2022 foi um dos motivos invocados por Marcelo Rebelo de Sousa para justificar a dissolução do parlamento e a antecipação das eleições.

A Constituição determina que as legislativas antecipadas têm de se realizar nos 60 dias seguintes à dissolução do parlamento -- que só poderá ser decretada, portanto, a partir de 01 de dezembro.