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84,5% da população venezuelana trabalha no sector informal

Foto JohannaWallace/Shutterstock.com
Foto JohannaWallace/Shutterstock.com

Pelo menos 84,5% dos venezuelanos trabalha no setor informal, segundo dados de um relatório elaborado pelo Instituto de Investigações Económicas e Sociais (IIES) da Universidade Católica Andrés Bello, divulgado quinta-feira em Caracas.

O relatório sobre "Informalidade laboral na Venezuela: definições, medições e desafios" foi apresentado aos jornalistas pelo professor Demétrio Marotta, do IIES, que alertou que "no país tem havido um sub-registo da proporção de trabalhadores nesta situação, devido à inadequada estimação estatística".

"Na Venezuela, o nível de informalidade laboral, entendida como a proporção da mão-de-obra que não tem acesso à segurança social, aumentou dramaticamente, de 48,5% para 84,5% entre 2015 e 2020", disse o investigador.

Segundo Demétrio Marotta "o critério que prevalece atualmente na análise da informalidade laboral abrange todos os trabalhadores que, independentemente de trabalharem em empresas formais (dentro do setor formal e da economia formal), não têm as condições de um emprego regular permanente de acordo com a regulamentação laboral".

"Consequentemente, em termos práticos, foi abandonada a definição tradicional de emprego qualificado utilizando critérios estáticos referentes a tipos específicos de trabalho e sectores de atividade, o que excluía da análise muitos trabalhadores que, em termos práticos, realizam trabalho informal dada a falta de proteção e as relações ilegais sob as quais trabalham", explicou.

Segundo Marotta, "os números relativos à informalidade laboral na Venezuela podem ser alarmantes, mas não são surpreendentes" porque "nos últimos cinco anos, o mercado de trabalho enfrentou 'mudanças radicais', devido aos 'graves problemas recessivos e inflacionistas' de uma economia que se reduziu em 80%".

O investigador precisou que "entre 2014 e 2020, a percentagem de trabalhadores assalariados caiu de 62% para 46%, o número de trabalhadores independentes aumentou de 31% para 45%, a percentagem de trabalhadores em empregos vulneráveis aumentou de 35% para 51% do número total de empregados e a massa salarial pública de trabalhadores assalariados e operários passou de 36% para 24%".

 "Os empregados sem contrato de trabalho ou com um simples acordo verbal também aumentaram de 47% em 2015 para 55% em 2018", disse o investigador, precisando que "a proporção de trabalhadores não qualificados ou trabalhadores do comércio elementar aumentou significativamente, de 9,7% em 2015 para 36% em 2020".

 Segundo Demétrio Marotta, a informalidade não é um assunto exclusivo da Venezuela, uma vez que dados do Fundo Monetário Internacional dão conta que 60% da população mundial empregada, ou seja, mais de 2.000 milhões de pessoas, trabalha nesse setor, principalmente nos países em vias de desenvolvimento.

"Um terço da atividade económica mundial tem lugar na informalidade laboral, 85% dos trabalhadores informais estão precariamente empregados em pequenas empresas informais, enquanto apenas 11% dos trabalhadores informais estão empregados em empresas do sector formal", explicou.

Demétrio Marotta lamentou que desde 2014 o Instituto Nacional de Estatísticas da Venezuela não divulgue dados oficiais sobre o setor informal e sugere desenhar "uma definição mais ajustada" que possa ser usada em novas sondagens, na medição de emprego e desemprego.

Segundo a imprensa venezuelana, em 2018 a Venezuela tinha oficialmente 16 milhões de trabalhadores, dos quais 14,9 milhões estavam ocupados (empregados).