Por um PS Madeira com Futuro
Um partido como o PS Madeira não cresce se se dividir. O PS precisa de todos, de antigos, actuais e novos protagonistas
O tempo político que vivemos é particularmente desafiante: na Madeira, as consequências dos resultados das eleições autárquicas, internas e externas aos partidos, exigem, no caso do PS, como já defendi publicamente, uma imediata e rigorosa reflexão e redefinição estratégica; em Portugal, as consequências do chumbo do Orçamento do Estado e a dissolução da Assembleia da República, com a consequente realização de eleições antecipadas, exigirão capacidade de mobilização de todos os portugueses em torno de um projecto que nos permita continuar a recuperar o país, enquanto enfrentamos a maior pandemia dos últimos 100 anos. Nenhum desses desafios, internos e externos, regionais e nacionais, é compatível com condicionamentos, silenciamentos, marasmos e indefinições. O momento exige absoluta clareza de todos os protagonistas: sobre como aqui chegámos e para onde pretendemos ir - e se precisamos de analisar a origem das coisas internamente, convocando todos e atempadamente, precisamos também de clarificar publicamente o fundamento das decisões que tomarmos para o futuro.
É por isso determinante que os madeirenses saibam que todos os Socialistas reconhecem inequivocamente o bom trabalho que os seus representantes têm levado a cabo na Assembleia da República, colocando sempre os interesses da Madeira em primeiro lugar. Tal como pretendemos que o projecto que o PS tem liderado para o país, de forte base parlamentar, precocemente interrompido, encontre estabilidade na fase que se segue, é também claro e evidente que o PS Madeira deverá contribuir para esse projecto com a mesma estabilidade e continuidade. O PS precisa, por isso, de enfrentar as próximas eleições unido, mobilizado e determinado, com o objectivo claro de manter a sua representação parlamentar e, com isso, contribuir para uma maioria reforçada do PS, que nos permita continuar a governar e a recuperar o país. Não se compreenderia, aliás, que fosse de outra forma, em particular pelo momento interno que atravessamos, provocado pela decisão do seu líder em demitir-se primeiro e pelo posterior e sucessivo adiamento das necessárias reuniões, reflexões e decisões internas. Na situação em que, conscientemente, espero, optou-se por adiar consecutivamente a auscultação dos órgãos regionais e a relegitimação da sua liderança em eleições e Congresso, qualquer perturbação adicional provocada novamente por quem lidera, ou foi por si escolhido para os órgãos que dirige, seria absolutamente incompreensível e desastrosa para os objectivos a que nos propomos. Quaisquer mudanças, ora na representação do PS ou na sua forma, ora na estrutura interna partidária, iniciadas após o dia 26 de Setembro, não poderão deixar de ser avaliadas à luz da questionável legitimidade de quem lidera fortemente condicionado pela situação em que se colocou.
O PS necessitará depois de reconstruir-se como projecto político e partidário com Futuro, que seja: Autonomista pleno, não independentista, nem centralista; Alternativo à governação dos últimos 50 anos; Aspiracional, com um modelo de desenvolvimento diferente; Popular, não populista nem demagógico, nem tão pouco fechado sobre si mesmo, elites, nichos, fanatismos, trincheiras, facções, ou encenações recordistas; Próximo, de base local, capaz de representar, em todos os sítios, freguesias e concelhos, a nossa população, num trabalho de longo prazo, exigente e consolidado; Preparado, capaz de integrar novos quadros e gerações, oriundos da nossa base militante e da sociedade civil; Plural, capaz de integrar diferentes visões e estruturas, desde os jovens às mulheres, dos trabalhadores e sindicalistas aos patrões; Programático, dentro do quadro ideológico e do património Histórico do PS, coerente e capaz de integrar novas ideias; Reformador e Progressista; Parlamentar, com uma agenda comum na Assembleia Legislativa Regional, na Assembleia da República e no Parlamento Europeu; Autárquico, com representação local plena; Estratégico, com Objectivos realistas; Planeado, Metódico, Logístico, Operacional e Combativo.
As condicionantes da política regional não são, nem serão distintas das que enfrentámos desde 1974; o que poderá sê-lo é a nossa Visão e Acção. Do lado do PSD Madeira, a estratégia é clara e o objectivo também: consolidar o seu poder regional em 2023, reforçar o seu poder local em 2025 e criar condições para governar a Região por, pelo menos, dizem-nos, mais 18 anos, sufocando por completo a oposição. É esse o horizonte temporal, de curto, médio e longo prazo, para onde devemos olhar com realismo e pragmatismo. É perante tudo isso que o PS precisa rapidamente de redefinir o rumo, reintegrar quem afastou, reunir, crescer e mobilizar. Um partido como o PS Madeira não cresce se se dividir. O PS precisa de todos, de antigos, actuais e novos protagonistas, no lugar de repetir erros que assumem a forma de dramas auto-infligidos, alianças de circunstância, desconsiderações históricas, cisões artificiais e desvalorizações consequentes.
A Madeira precisa do PS - e o PS Precisa de Todos para ter Futuro.