Madeira

Grupos hoteleiros da Madeira sobem salários e contratam estrangeiros devido à falta de pessoal

Foto Rui Silva/Aspress
Foto Rui Silva/Aspress

Representantes dos dois maiores grupos hoteleiros da Madeira – Pestana e Porto Bay – admitiram, esta tarde, no Funchal, que o turismo regista um bom momento, com elevada procura, mas está a debater-se com um problema de escassez de mão-de-obra, que, para já, vai ser minimizado com o recrutamento de pessoal no estrangeiro e o aumento de salários.

“Na nossa cozinha fala-se inglês. E não é o inglês de Oxford. É o inglês do Nepal, do Paquistão e do Bangladesh. E porquê? Porque há muitas funções hoje em que não conseguimos recrutar em Portugal”, desabafou Bernardo Trindade, do grupo Porto Bay, na conferência da Associação Fiscal Portuguesa, que decorre ao longo da tarde na Assembleia Legislativa da Madeira. O gestor madeirense vê nos países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) um filão de recrutamento de pessoal mas defendeu que é também preciso “olhar para os esquemas remuneratórios” de modo a tornar o sector da hotelaria “mais glamoroso” do ponto de vista das oportunidades de trabalho.

Paulo Prada confessou que o Grupo Pestana já está a tomar decisões no sentido de tornar as profissões da hotelaria “mais glamorosa e sexy”, com aumentos nas rubricas salariais. Mas teme que nem isso seja suficiente e deu um exemplo: “No nosso hotel de Londres antes da pandemia tínhamos 90 e tal colaboradores e hoje só temos 30, mesmo subindo consideravelmente a remuneração de cada um”. Aliás, tanto Paulo Prada como Bernardo Trindade reconheceram que o défice de pessoal disponível não é dificuldade exclusiva da Madeira ou de Portugal, pois “perpassa por toda a Europa”. Também reconheceram que não resulta exclusivamente do reforço dos apoios sociais concedidos aos trabalhadores e empresas nos meses mais agudos da pandemia.