Mundo

Oposição venezuelana elogia investigação do TPI e promete colaboração

Foto EPA/Miraflores Press Office
Foto EPA/Miraflores Press Office

A oposição venezuelana congratulou-se ontem com a decisão do Procurador-geral do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, de avançar com uma investigação formal contra a Venezuela por violação de Direitos Humanos e crimes contra a humanidade.

"A abertura formal da investigação por crimes contra a humanidade, de parte do Tribunal Penal Internacional reivindica o direito de obter a justiça que tem sido negada na Venezuela, às vítimas e às suas famílias", escreveu o líder opositor Juan Guaidó na sua conta do Twitter.

O ex-presidente do parlamento aproveitou a oportunidade ratificar "a luta pela justiça e o nosso compromisso a este respeito: Colaborar com todas as investigações que contribuam para a determinação da verdade e para o estabelecimento de responsabilidades criminais individuais ao longo da cadeia de comando".

Por outro lado, Maria Corina Machado, do partido "Vente Venezuela" (Vem Venezuela) agradeceu aos defensores dos direitos humanos pela "tenacidade e profissionalismo com que acompanharam as vítimas e as suas famílias no doloroso e árduo caminho para a justiça internacional".

"Venezuelanos, mantenhamos a nossa força e energia; haverá justiça. Assinado e selado em Caracas, para a história e perante os olhos do mundo", escreveu no Twitter.

Exilado no estrangeiro, António Ledezma, referiu-se à decisão do TPI com um "Viva Venezuela!".

"Não ficarão impunes os crimes que lesam a humanidade. Haverá justiça. A luta da resistência não tem sido em vão", sublinhou na mesma rede social.

Para o diretor da ONG Programa Venezuelano de Educação e Ação em Direitos Humanos (PROVEA), Rafael Uzcátegui, "a abertura de uma investigação formal pelo TPI confirma que efetivamente ocorreram crimes contra a humanidade" na Venezuela.

Também que esses crimes "não foram, até agora, devidamente investigados" e que "se desmorona" a "estratégia de simulação oficial que tem sido promovida nas últimas semanas".

"Os meus parabéns a todas as vítimas que, superando o medo e a intimidação, conseguiram que o mundo soubesse o que aconteceu na Venezuela. A justiça será possível por vossa causa e graças a vocês", frisou Uzcátegui no Twitter.

O Procurador-geral do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, anunciou, hoje, ao finalizar uma visita oficial a Caracas, que as denúncias contra a Venezuela, por alegadas violações dos Direitos Humanos e crimes que lesam a humanidade, vão passar à fase de investigação formal.

"À medida que avançamos neste caminho, entramos numa nova fase", disse Karim Khan, numa conferência de imprensa no palácio presidencial de Miraflores, onde pediu "a todos que à medida que avançamos para esta nova fase, que deem ao meu gabinete o espaço de que necessita para realizar o seu trabalho".

O procurador explicou ainda que está "plenamente consciente das falhas que a Venezuela está a atravessar e que existem", sublinhando que "não somos políticos, estamos guiados pelos princípios da legalidade e do estado dos direitos".

"Vou, francamente, analisar e ter em conta, e não gostaria que se fizesse nenhum esforço para politizar o trabalho independente que o meu escritório realiza", sublinhou Karim Khan.

Por outro lado, o Presidente Nicolás Maduro, disse que "não comparte, mas respeita a decisão".

"Sou o primeiro que quer saber a verdade, que se saia das dúvidas que podem ter sido criadas, das campanhas mediáticas e de redes sociais. Digo-lhe que sou um homem de Deus, um crente profundo. Em nome de Deus peço a verdade, peço justiça para o nosso país", disse Maduro ao Procurador do TPI

Em novembro de 2020 a ex-procuradora-geral do TPI Fatou Bensouda, disse que existia "uma base razoável para acreditar" que na Venezuela foram cometidos crimes que lesam a humanidade, desde 2017 e "de competência daquele organismo".

Desde 08 de Fevereiro de 2018, que o TPI investigava a Venezuela, para determinar a existência de fundamentos para a abertura formal de uma investigação sobre alegados crimes cometidos no contexto de violentas manifestações antirregime ocorridas em 2017.

A Venezuela acusa o Grupo de Lima (coligação de vários países da América Latina que procuram uma mudança de regime na Venezuela), de promover a investigação contra Caracas no TPI.