Tiro o chapéu a estes jovens…
Atenção aos sinais…
Domingo passado, duas listas candidatas à comissão de finalistas de duas escolas secundárias do Funchal realizaram uma festa cuja dimensão e impacto enchiam de orgulho e admiração qualquer adulto que ousasse observar.
Durante semanas, desdobraram-se em preparativos e licenças para que tudo estivesse correto e tratado a tempo. A licença de ruído inclusive, enunciando a hora limite para a festa acabar, 01:00, no meu ponto de vista, bastante limitante, tendo em conta o caráter esporádico do evento, a sua calendarização, véspera de feriado, e o objetivo de rentabilizar custos, semanas de organização e o próprio trabalho das equipas no dia da festa.
O parque cuidadosamente preparado com vedação para não se danificar as plantas, os acessórios pensados ao pormenor, as empresas de som, de luz e de segurança contratadas, os cuidados sanitários salvaguardados, tudo estava atempadamente a postes para o grande dia.
Fiquei pasmada e confesso sensibilizada com a paciência e aceitação exemplar dos jovens, várias vezes fiz o exercício de me colocar no lugar deles e imediatamente o sentimento de desilusão e até de alguma revolta assolou-me o espírito. Esperaram em fila à porta do evento para que, minuciosamente, fosse verificada a atualidade do certificado ou teste covid tal como exigido, entraram ordenadamente e, finalmente, encheram de alegria, brilho e energia um espaço que já de si está repleto de significado histórico e natural, o Jardim de Santa Luzia. Riram, cantaram, dançaram, brindaram, sedentos por expandir a energia própria da idade que ultimamente tem ficado contida e silenciada…
A festa estava no auge, o 3º e último DJ preparava-se para atuar e, de repente, a música esmorece e é anunciado o fim da festa. Primeiro, o espanto e depois, sem grandes manifestações e sempre com espírito de leveza, aceita-se que afinal as escassas 4h de festa têm de ser 3h porque, apesar da licença, do caráter pontual e esporádico, de todos os cuidados para cumprir os requisitos, licenças e normas de segurança… as queixas de barulho, pasme-se antes das 00:00, eram muitas e a polícia mandou acabar o evento.
Observo atenta, com a sensibilidade de cidadã, mãe e professora e adivinho a revolta que poderia ocorrer e se manifestar, mas, ao contrário disso, a multidão, ordenadamente, entre risos e grande cooperação, desliza para a porta e combina o programa que se segue.
Entretanto, as equipas de cada uma das listas, entre cansaço e alguma, mais do que justificada, desilusão, organizam-se rapidamente, arrumam a logística, limpam exemplarmente o espaço enquanto saboreiam a breve, mas muito intensa experiência tão esperada e muito bem conseguida.
Saúdo estes jovens e desejo que a prova de inflexibilidade dos adultos que não conseguem ler o alcance da sua atuação, possa gerar nesta juventude compaixão, resiliência e harmonia porque só assim poderemos construir um Mundo Melhor!
Isabel Paquete