Artigos

Terminamos o ano em pandemia

Aos Senhores e Senhoras que nos governam, aos vários níveis, por favor sejam coerentes e não sigam o mau exemplo

Este é o meu último artigo deste ano, que passou quase sem darmos por ele, pela velocidade dos acontecimentos que o atravessaram. Entramos com uma pandemia em curso e saímos com a mesma pandemia, a limitar profundamente as nossas vidas.

Mesmo que haja quem não queira aceitar que vivemos em pandemia e se queira manifestar contra as medidas que têm sido decretadas para a amenizar, a verdade está à vista de toda a gente. No dia que escrevo este artigo já morreram, vítimas do covid-19, na nossa região, 103 pessoas, em Portugal 1843 e no mundo inteiro 5 milhões e 21 mil pessoas. É uma verdadeira calamidade que já dizimou no mundo inteiro milhões de pessoas que poderiam ter sobrevivido e ter gozado mais as suas vidas.

Há quem acredite que o nosso destino está marcado quando nascemos e um dia vamos todos/as morrer. Sim, é verdade que quando nascemos já sabemos que vamos morrer um dia, mas também sabemos que toda a gente quer retardar esse dia o máximo possível. Ninguém quer adoecer e morrer de repente, como está a acontecer neste momento.

Independentemente das medidas serem boas ou más, temos que saber nos proteger se não quisermos ser vítimas deste vírus que surgiu de uma forma que ainda ninguém conseguiu explicar. Por mais que ouça cientistas e outros técnicos de saúde falar, menos percebo a origem deste vírus. Então das suas mutações nem se fala. Agora anda por aí outra variante que parece conter mais mutações. Já levamos uma vacina dividida em duas partes e reforço. Se calhar, daqui a dias somos chamados a levar um outro reforço, permanecendo a incerteza se estamos a servir de cobaias neste evento mortífero e doloroso que assola todo o mundo.

E sobre as medidas de controlo, para que a nossa região não fique ainda mais no vermelho e daqui a dias tenhamos que ficar fechados, nas Ilhas que somos, acho que continuam a existir demasiados contrassensos inexplicáveis. O Governo decide que toda a gente, se quiser comer fora ou frequentar qualquer evento cultural ou desportivo, tem que estar vacinado e testado, mas depois sabemos que não existe controlo na maior parte desses locais.

Diz-se que nos transportes públicos ou nas lojas comerciais as pessoas têm que apresentar um dos dois documentos, mas depois não existe qualquer controlo na esmagadora maioria da entrada nesses serviços. Enfim, poderia estar a dar mais exemplos, mas estes chegam para elucidar que, se por um lado, o Governo diz uma coisa, por outro lado permite tudo. Na noite nem falo… e toda a gente sabe as dificuldades em fazer controlo nesses locais, alguns abertos onde toda a gente anda à vontade sem qualquer máscara porque ninguém vai beber um copo com a boca tapada.

Depois, em relação às festas de natal, há de tudo. Ainda há dias vi um jantar que englobava centenas de pessoas, onde a organização do mesmo disse que estavam todas testadas. Sei que há restaurantes cheios para os chamados jantares de Natal e sei também que uma pessoa pode fazer um teste num dia e estar negativo e no dia seguinte estar positivo. Não seria de pensar melhor neste tipo de situações e apelar à consciência das pessoas, para não juntarem tanta gente ao mesmo tempo e fazerem os seus convívios de forma mais repartida, sem nunca deixar de conviver com as regras de quem vive em pandemia? É verdade que a pandemia não deve coartar a nossa liberdade, mas sabê-la usar com responsabilidade é muito importante quando toda a gente está no mesmo barco. Sempre ouvi dizer que a liberdade do outro acaba quando a minha está colocada em causa. Talvez seja de refletir nesta questão, com toda a responsabilidade que a mesma merece.

E aos Senhores e Senhoras que nos governam, aos vários níveis, por favor sejam coerentes e não sigam o mau exemplo como muitas vezes têm acontecido. As regras devem ser aplicadas a toda a gente, independentemente do estatuto social que tenham. Só assim podemos criar uma força maior que vença esta situação estranha que está a atrasar a nossa felicidade e o futuro da humanidade.