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Instituto Karolinska retira nomes de racistas e pró-nazis das suas instalações

Foto Shutterstock/Amneus
Foto Shutterstock/Amneus

O Instituto Karolinska de Estocolmo, que acolhe o comité encarregado de atribuir o Prémio Nobel de Medicina, vai retirar o nome de cientistas racistas ou pró-nazis existentes em algumas das suas instalações e ruas.

O anúncio da decisão foi feito na terça-feira, depois da análise feita por um grupo de trabalho, iniciada em 2020.

Em comunicado, o reitor anunciou que vai mudar o nome a uma sala, a um edifício e a uma rua que tinham o de Anders Retzius (1796-1860) e do seu filho Gustaf (1842-1919).

"Eles representam valores que não estão em concordância com os valores que nós, como universidade, devemos ter", declarou o reitor, Ole Petter Ottersen, em vídeo divulgado em linha.

O pai Retzius é de má memória pelo "índice cefálico", uma medida de proporções dos crânios, fonte de hierarquias racistas.

Retzius, cujas teorias anatomico-racistas foram continuadas pelo filho, distinguia os indivíduos de crânio "alongado" dos de crânio "curto", com aqueles supostamente superiores a estes.

Estas teorias vieram a alimentar a "higiene racial" desenvolvida posteriormente pelos nazis.

O Instituto solicitou também à cidade de Solna, onde está, perto de Estocolmo, que rebatizasse a "Rua von Euler", para "Rua Ulf von Euler", Prémio Nobel da Química em 1970.

Isto para o distinguir do pai, Hans von Euler, um alemão naturalizado sueco e Nobel da Química em 1929, que tinha sido membro ativo de uma organização germano-sueca que se tornou pró-nazi durante o Reich.

A decisão, divulgada na terça-feira, resulta de debates lançados nos últimos anos sobre a herança histórica do Instituto, por iniciativa dos estudantes.

Já se traduziu na restituição de crânios, principalmente de povos indígenas, na Finlândia, Polinésia Francesa, América do Norte e Austrália.