Presidente bielorrusso exige à UE que pague voos de repatriamento
O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, exigiu hoje que a União Europeia (UE) pague os voos de repatriamento de quase 2.000 migrantes ilegais retidos há mais de três semanas na fronteira com a Polónia.
"Se quiserem voltar, façam o favor. Vamos reuni-los no aeroporto. Não mandaram ainda hoje um avião?", disse Lukashenko, referindo-se a um voo de repatriamento para o Iraque que estava marcado para hoje, mas que foi cancelado, por razões que o Presidente bielorrusso atribui a dificuldades financeiras.
"Quanto custa esse voo? E não há quem o pague?! Que o pague a União Europeia", sublinhou Lukashenko, durante uma reunião no Palácio da Independência.
O Presidente bielorrusso alega que a UE alocou milhões de euros para assistência humanitária urgente de migrantes ilegais retidos na Bielorrússia, mas que o seu país não recebeu "nem um centavo".
Na verdade, a UE atribuiu 700.000 euros para ajuda humanitária, na prestação de assistência urgente aos migrantes na Bielorrússia, mas irá atribuir essa verba a organizações não governamentais, como a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, entre outras, não ao regime de Lukashenko, que Bruxelas não reconhece sequer como Presidente legítimo, após as eleições fraudulentas de 2020.
A Comissão Europeia também disponibilizará até 3,5 milhões de euros para facilitar o regresso voluntário aos seus países de origem de migrantes da Bielorrússia.
De acordo com o secretário de Estado da Bielorrússia, Alexander Volfovich, cerca de 200 refugiados aguardaram hoje, no aeroporto de Minsk, pelo voo de repatriamento para o Iraque, que entretanto foi cancelado.
Fontes das autoridades do Iraque já disseram que esse voo deverá ocorrer na sexta-feira ou no sábado, confirmando o interesse no repatriamento por parte de um número elevado de migrantes.
O primeiro avião com migrantes que quiseram abandonar a Bielorrússia partiu de Minsk com destino a Bagdade no passado dia 18, com 431 pessoas a bordo, a maioria iraquianos.
A agência oficial bielorrussa BELTA divulgou hoje imagens de migrantes retidos num centro de acolhimento empunhando cartazes, com inscrições em inglês, onde se podem ler mensagens como "Viemos por uma vida melhor!", "Não podemos regressar ao Iraque" ou "Não temos liberdade no Curdistão".