Procuradoria de Marrocos apoia extradição para China de activista uigur Idris Hassan
A Procuradoria marroquina apoiou hoje a entrega à China do ativista uigur Idris Hassan, detido em julho passado em Marrocos, durante a audiência de extradição realizada em Rabat, na qual o arguido afirmou não pertencer a nenhum grupo terrorista.
Durante a audiência, o procurador marroquino apoiou as acusações contra Hasan, que a China considera membro de uma organização terrorista, informou o seu advogado Milud Qandil à agência de notícias espanhola EFE.
A sua defesa opôs-se à extradição afirmando que se trata de um pedido por motivos políticos e étnicos e que as leis marroquinas, bem como o acordo de extradição entre Marrocos e a China, proíbem a entrega de um cidadão por esses motivos.
Os uigures são uma minoria étnica chinesa de origem muçulmano, sendo o Governo chinês acusado de orquestrar uma campanha de detenção em massa, destruição cultural e assimilação forçada dos uigures e outras minorias muçulmanas nativas da região de Xinjiang, no extremo noroeste do país.
A defesa de Hassan indicou também que o Ministério Público não apresentou nenhuma prova que justificasse que o ativista pertencesse a uma organização terrorista e acrescentou que o pedido chinês se baseia, na verdade, no facto de Hasan pertencer a uma minoria muçulmana perseguida naquele país.
A audiência terminou com a última palavra de Hasan, que alegou, segundo o seu advogado, não ter nada a ver com atos terroristas violentos e que nem sequer conhece o grupo do qual é acusado de pertencer.
Agora, o tribunal terá que decidir sobre a sua extradição, não havendo prazo máximo legalmente fixado.
Idris Hasan é acusado pela China por crimes de terrorismo e a sua extradição é contestada por organizações como a Amnistia Internacional, que denunciam que ele poderá sofrer tortura se for transferido para aquele país.
Hasan vivia desde 2012 como refugiado, com a sua família, na Turquia, antes da sua viagem para Marrocos, onde foi preso pela polícia marroquina, a 19 de julho, após aterrar no aeroporto de Casablanca.
Em 21 de setembro, a Amnistia Internacional denunciou que se Marrocos o extraditasse para a China, violará as suas obrigações ao abrigo do direito internacional, uma vez que naquele país os uigures e outras minorias étnicas "enfrentam uma horrível campanha de detenções em massa, perseguição e tortura".
Devido ao seu ativismo em organizações de defesa da comunidade muçulmana uigur, Hasan pode ser descrito como um "terrorista", de acordo com as definições usadas na China para perseguir essas e outras minorias étnicas, como cazaques, quirguizes, uzbeques, tajiques ou hui.