OMS alerta que Carnaval no Brasil criará condições propícias para transmissão
A diretora-geral adjunta de acesso a medicamentos da Organização Mundial da Saúde (OMS) manifestou terça-feira preocupação com a realização do carnaval no Brasil em 2022, alertando para as condições "extremamente propícias" para a transmissão do vírus.
"Preocupa-me bastante quando vejo no Brasil que tem discussão sobre a abertura do carnaval. Isso é realmente uma condição extremamente propícia para aumento da transmissão comunitária. Precisamos planear já as ações para 2022", disse a diretora, Mariângela Simão, na abertura no Congresso Brasileiro de Epidemiologia.
A brasileira afirmou ainda que o mundo está a entrar numa quarta vaga de casos da covid-19, num momento em que a pandemia está em queda no Brasil desde junho último.
"Na região das Américas há uma transmissão comunitária continuada, com pequenos picos, enquanto a Europa está entrando de novo numa ressurgência de casos. (...) O mundo está entrando numa quarta onda, mas as regiões têm tido um comportamento diferente em relação à pandemia", avaliou a diretora-adjunta.
Mariângela Simão declarou que há uma série de fatores que levaram a Europa a registar um recrudescimento da pandemia, mas apontou a excessiva flexibilização das medidas não farmacológicas como um dos principais motivos.
A diretora da OMS manifestou preocupação com o carnaval no Brasil enquanto analisava possíveis estratégias globais no atual momento da pandemia, frisando serem necessárias medidas políticas públicas baseadas em evidências científicas.
Os temores de Mariângela Simão são partilhados por mais de 40 cidades do estado brasileiro de São Paulo, que decidiram cancelar o carnaval do próximo ano devido a receios de uma nova vaga da doença.
Apesar de a pandemia registar uma queda consistente desde junho em solo brasileiro, com mortes, infeções e ocupações hospitalares em níveis semelhantes aos do início pandémico, as prefeituras temem um recrudescimento da covid-19, semelhante ao que tem acontecido em alguns países europeus, e decidiram não realizar o evento festivo em 2022, pelo segundo ano consecutivo.
Os gestores municipais receiam que as aglomerações próprias da folia gerem uma nova vaga de infeções, e, consequentemente, façam elevar o número de casos e óbitos.
De acordo com o portal de notícias G1, outra justificação dada pelas autarquias é a situação económica de alguns municípios, alegando não terem verbas suficientes para fazer a festa.
Já no Rio de Janeiro, que acolhe o Carnaval mais icónico do Brasil, o regresso da folia em 2022 já está em preparação com a inscrição de mais de 500 desfiles de rua.
A grandiosa festa está programada para acontecer entre 25 de fevereiro e 05 de março do próximo ano, desde que o cenário epidemiológico da pandemia o permita e os órgãos de saúde aprovem a sua realização.
O Brasil, um dos países mais atingidos pelo novo coronavírus, com mais de 612 mil mortes e 22 milhões de infeções, teve que cancelar o seu famoso Carnaval em 2021 por causa da pandemia.
A covid-19 provocou pelo menos 5.156.563 mortes em todo o mundo, entre mais de 257,51 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.