O pequeno ditador

O pequeno ditador veio uma vez mais falar à televisão. Exigiu, num tom snob e jocoso de quem se julga O Todo-Poderoso, que todos obedeçam a mais medidas esquizofrénicas, sob pena de submeter os desobedientes, aqueles que ainda se atrevem a achar que são livres, à segregação.

Em nenhum momento demonstrou humildade ou empatia pelo sacrifício que exigia aos cidadãos. Em nenhum momento agradeceu por isso. Em nenhum momento pediu desculpas por ter errado nas medidas que implementou recentemente e que afinal foram ineficazes.

Leu com autoridade uma lista de medidas que vão do 8 ao 80, bem demonstrativas de quem não sabe o que faz, já que compara uma ida a uma discoteca a uma ida ao cabeleireiro. A ordem é só uma: disparar em todas as direcções pois assim é impossível errar.

Num discurso incoerente, entre “é obrigatório” e “é recomendado”, atropela a liberdade dos cidadãos como se fosse um camião desgovernado. A única certeza de quem o ouve é a incerteza. E enganem-se os que pensam que isto é em prol da saúde colectiva. O único objetivo do pequeno ditador é o seu ego. Quer esfregar na cara dos políticos do Continente que aqui na Madeira é que se alcança os melhores resultados. Nisso eu concordo, a Madeira é mesmo digna de um case study.

Só aqui é que ninguém pode ousar pensar que é livre e ainda há quem julgue que isso é normal. Só aqui na Madeira se promove a cultura do medo e a desinformação, e é considerado um acto heróico. Só aqui na Madeira é que os cidadãos não têm liberdade de decidir o que acham melhor para o seu corpo, sob pena de serem isolados da sociedade, como párias responsáveis pela pandemia, e ninguém os defende. Só aqui na Madeira, este pequeno ditador consegue proliferar e crescer, como um vírus perigoso e descontrolado sem que haja uma esperança de cura!

Lígia Ramos