"Desta nossa vida, seremos capazes de levar connosco alguma coisa?", pergunta Bispo do Funchal
Durante a homilia de hoje, no âmbito da comemoração dos fiéis defuntos, no cemitério em São Martinho, o Bispo do Funchal perguntou: "Deste mundo, desta nossa vida, seremos capazes de levar connosco alguma coisa?"
E respondeu: "A única resposta que tantos são capazes de dar — é aquela do Antigo Testamento: “Saí nu do ventre de minha mãe, e nu para a terra voltarei: o Senhor deu, o Senhor tirou. Bendito seja o nome do Senhor”.
D. Nuno Brás acrescentou ainda que "o dinheiro, as casas, os carros e o poder" não acompanharão a pessoa que morreu.
"Mas o modo como o fazemos, a finalidade com que vivemos, o amor em que existimos, isso sim, acompanhar-nos-á. Vai-nos transformando; vai abrindo (ou não) o nosso coração ao acolhimento à vida divina. Vai preparando os nossos olhos para a visão de Deus. O modo como vivemos esta nossa vida (que o próprio Deus nos oferece) constitui uma boa parte desse tesouro próprio do céu", sustentou.
No entanto, segundo o Bispo do Funchal, a fé convida o homem a "ir ainda mais longe".
"Porque a fé fala-nos de um acontecimento singular: fala-nos daquele acontecimento em que o próprio Deus entrou na história, se fez um de nós, e partilhou esta nossa vida frágil e passageira. E, assim sendo, esta nossa vida limitada, finita, não pode deixar de se encontrar com momentos de eternidade. São aqueles momentos de Graça em que, vivendo ainda na terra, parece que tocamos Deus: o nascimento de uma criança, a morte de um amigo, a alegria de uma consagração total, a generosidade surpreendente de um estranho, a palavra que escutámos no momento certo", explicou.
D. Nuno Brás apelou ainda aos fiéis para irem à missa.
"Na Eucaristia, encontramos e rezamos com os santos e os santos rezam connosco e ajudam-nos. Mas, na Eucaristia, encontramos também aqueles que, deixando-se purificar por Deus, ainda caminham na direcção da vida eterna, da vida plena e feliz com o Senhor. Na Eucaristia os encontramos. Na Eucaristia gozamos da sua companhia. Na Eucaristia, a santidade de Deus em nós torna-se para eles, enquanto membros do mesmo corpo, a ocasião de receberem os frutos da graça divina. E, assim, de facto, nem a morte nos separa dos amigos, dos familiares, dos conhecidos", frisou.