Houve "excesso de zelo" e "desastre de comunicação" no anúncio das medidas
As medidas de combate à covid-19 anunciadas pelo Governo da Madeira evidenciam "excesso de zelo", um "descontrole e desastre de comunicação", não tendo o sistema capacidade de resposta, nem de fiscalização, afirmou o líder do JPP na região.
"Estas medidas pecam por excesso de zelo" , declarou o líder parlamentar do JPP na Assembleia Legislativa da Madeira à agência Lusa.
Élvio Sousa afirmou que o partido "compreende a necessidade de testar a população", devido ao aumento de infetados, apoia a importância do uso de máscara e tem apelado "ao máximo de vacinação".
Mas, o deputado madeirense criticou a "forma como a comunicação foi feita, quando há dois ou três dias o próprio presidente do Governo [Regional] afirmava que estava a situação controlada".
"Passou-se de uma situação controlada para um descontrole de comunicação que aumentou o nível de ansiedade e de alerta por parte das populações", sublinhou.
Élvio Sousa complementou que "o próprio sistema, no que diz respeito à testagem, é incapaz, para não falar da situação do comércio" e defendeu ser necessário "um equilíbrio nesta situação".
No seu entender, o foco deve ser no número de doentes nos cuidados intensivos hospitalares, recordando que, "à mesma data do ano passado", se registavam "números superiores aos atuais" na região.
Élvio Sousa considerou que, "do ponto de vista da comunicação", o anúncio das medidas para mitigar o problema "foi um desastre".
E defendeu que o Governo Regional deveria adotar uma postura semelhante ao Executivo da República, ouvindo os partidos sobre a situação.
"Se nós tivéssemos sido ouvidos, à semelhança do que o Governo da República faz, tínhamos aconselhado nessa matéria", disse.
Ainda sustentou que, "inadvertidamente, muita da população está confusa e alguma dela revoltada pela forma intempestiva como foram comunicadas" as medidas pelo presidente do Governo Regional.
Outro aspeto que realçou na aplicação das determinações é "o problema da fiscalização" das mesmas.
"Porque, ao criarmos um monstro do ponto de vista da necessidade de controlar os níveis da transmissão do vírus", é necessário "ver se a região tem capacidade para tal e já deu para ver hoje, ao nível das farmácias", que se verificam lacunas.
"Suponho que houve aqui um excesso de zelo nesta matéria", reforçou.
Apesar da elevada taxa de vacinação, a Madeira tem registado, nas últimas semanas, uma média diária superior a 50 novos casos de infeção e também um aumento do número de mortos associados à doença, que é atualmente de 84 óbitos.
As autoridades de saúde da Madeira sinalizaram na quinta-feira mais 52 casos de covid-19 e uma morte. Há ainda a assinalar 43 pessoas hospitalizadas, sete das quais em cuidados intensivo.
Face a esta situação, o Governo da Madeira decidiu, no âmbito das novas medidas de contenção da covid-19, alterar a situação de calamidade para situação de contingência.
O presidente do Governo da Madeira anunciou na quinta-feira um conjunto de medidas de combate à covid-19 na sequência do aumento de casos positivos e do número de hospitalizados na região.
A maioria das medidas, como a obrigatoriedade do uso de máscara em espaços abertos e fechados e da apresentação de testes antigénios em alguns locais, vai vigorar a partir das 00:00 de sábado.
O executivo madeirense apenas decidiu conceder um prazo de adaptação para a determinação de obrigatoriedade cumulativa de certificado de vacina e de teste negativo para espaços como os desportivos, restaurantes, cabeleireiros, ginásios, bares e discotecas, eventos culturais, cinemas, atividades noturnas, jogos, casinos e outras atividades sociais similares.
Esta medida vai entrar em vigor às 00:00 horas de 27 de novembro.