Cinemas e espectáculos ao vivo foram os mais penalizados com a pandemia
Dados da Direcção Regional de Estatística mostram impacto da covid-19 no sector da Cultura, Desporto e Lazer em 2020
A Direcção Regional de Estatística da Madeira (DREM) disponibilizou, hoje, dia 18 de Novembro, no seu portal a Série Retrospectiva da Cultura, Desporto e Lazer, que fornece uma visão do "forte impacto" que a pandemia covid-19 teve nestas actividades em 2020, devido às restrições impostas pelas autoridades nacionais e regionais para controlo e mitigação da mesma.
Museus com um terço dos visitantes de 2019 e galerias de arte com menos de metade das exposições
Nos 17 museus na Região Autónoma da Madeira (RAM) que integram o estudo, verificou-se que os mesmos registaram cerca de 72 mil visitantes no ano passado, menos 66,2% que em 2019 (213 mil). Destes 42,8% eram estrangeiros (31 mil pessoas) e 11,0% eram visitantes inseridos em grupos escolares (8 mil), revela a DREM.
No Inquérito às Galerias de Arte e Outros Espaços de Exposições Temporárias de 2020 foram inquiridos 30 estabelecimentos em actividade na RAM, que realizaram 114 exposições (menos 56,3% que no anterior), nas quais 546 autores expuseram 3.545 obras. Em 2019, foram 6.752 as obras expostas o que significou uma diminuição de 47,5% em 2020.
Publicações periódicas com subida nos exemplares vendidos
Foi nas publicações periódicas que, segundo a DREM, se verificou uma inversão da tendência, pelo menos no que respeita aos exemplares vendidos.
No Inquérito às Publicações Periódicas foram apuradas 27 publicações periódicas em 2020 na RAM, que produziram 885 edições, 5,0 milhões de exemplares de tiragem global e 3,9 milhões de exemplares de circulação total, dos quais foram vendidos 3,8 milhões de exemplares.
Face ao ano transacto, registaram-se diminuições nas edições (menos 1,6%), na tiragem total (menos 20,4%) e na circulação total (menos 3,0%). Nos exemplares vendidos registou-se um aumento de 1,3%.
Receitas de bilheteira com quebras superiores a 70%
Em 2020, contabilizaram-se 7.683 sessões de cinema na RAM, menos 55,7% que no ano anterior.
O número de espectadores também diminuiu para os 71 mil e as receitas de bilheteira para 367 milhares de euros, representando decréscimos de 74,7% e 74,4% face a 2019, respectivamente.
Conforme salienta a DREM na sua análise "2020 foi de facto um ano muito penalizador para esta actividade que sofreu forte repercussão da pandemia da covid-19".
A par do cinema, os espetáculos ao vivo foram também das actividades mais afectadas.
Foram promovidas 445 sessões de espetáculos ao vivo em 2020, com um total de 41,8 mil espetadores, dos quais 24,9 mil pagaram bilhete, gerando uma receita de 218 mil euros.
Em comparação com 2019, verificaram-se decréscimos nas sessões realizadas (-66,3%), nos espectadores (menos 90,1%), nos bilhetes vendidos (menos 65,0%) e nas receitas de bilheteira (menos 76,8%).
No ano em referência, os jardins botânicos e aquários considerados para a RAM foram visitados por 248,3 mil pessoas (menos 65,3% face a 2019), na sua grande maioria estrangeiros (70,9%).
Peso das despesas com cultura e desporto foi o mais baixo dos últimos cinco anos
Segundo os resultados do Inquérito ao Financiamento Público de Atividades Culturais, Criativas e Desportivas pelas Câmaras Municipais (IFAC) de 2020, as despesas em actividades culturais, criativas e desportivas das Câmaras Municipais rondaram os 9,4 milhões de euros, no ano passado, significando uma descida de 21,8% face a 2019.
"Esta diminuição resultou do decréscimo de 24,0% verificado nas despesas correntes, que representaram 93,9% das despesas totais", explica a DREM.
Note-se que as despesas de capital, apesar de pouco expressivas (6,1% do total), aumentaram 43,2% relativamente ao ano precedente. Em 2020, o peso das despesas com cultura e desporto nas despesas totais fixou-se nos 5,0%, menos 1,4 pontos percentuais que em 2019, constituindo o valor mais baixo dos últimos cinco anos.
Do total das despesas com cultura e desporto de 2020, 73,4% tiveram como destino as actividades culturais e criativas (equivalendo a 6,9 milhões de euros) e os restantes 26,6% ao desporto (2,5 milhões de euros).
Em ambas as actividades registaram-se diminuições face a 2019: 21,7% na cultura e 22,0% no desporto.
De referir ainda, que o peso das despesas em cultura face ao total de despesas das Câmaras da Região foi de 3,7%, enquanto no caso do desporto não ultrapassou os 1,3%.
Por domínios, e no caso das despesas culturais e criativas, evidenciam-se as afectas às 'Artes do espectáculo', com um peso de 35,8% do total das despesas em cultura (2,5 milhões de euros), seguindo-se as 'Actividades interdisciplinares' com 21,1% (1,5 milhões de euros) e as de 'Bibliotecas e arquivos' com 18,5% (1,3 milhões de euros).
No caso das despesas em desporto, destacam-se as relativas às 'Actividades desportivas', que corresponderam a 43,0% das despesas totais em desporto (1,1 milhões de euros) e às 'Associações desportivas', que representaram 36,8% (922 mil de euros).