Madeira

Secretário do Mar considera importante a ciência “para tomar as melhores decisões políticas”

Foto DR
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O secretário regional de Mar e Pescas pediu o contributo dos investigadores no fornecimento do conhecimento científico aos políticos para que estes “tomem as decisões mais acertadas no âmbito das políticas marítimas”.

Teófilo Cunha falava na sessão de encerramento do” I.º Encontro do Mar… Um mar de oportunidades”, evento científico que contou com a presença do presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, e que durante dois dias fez uma abordagem holística do desenvolvimento da economia do mar, na reitoria da Universidade da Madeira.

Foram apresentadas 15 comunicações, projetos e trabalhos científicos, durante os dois dias de trabalho, e, no final, “podemos fazer uma síntese muito positiva da qualidade da investigação que se faz na Madeira e da diversidade dos projetos, quer da parte das entidades privadas, quer públicas”, disse o secretário regional.

“Uma boa decisão política, é aquela que é alicerçada com base na ciência e no conhecimento”, afirmou o titular do Mar e Pescas.

O governante diz que há agora “uma espécie de chavão” em relação ao mar, nota que “toda a gente fala do mar”, mas recorda que já D. João, D. Afonso III e D. Manuel I sabiam disso. “No entanto”, adiantou Teófilo Cunha, “500 anos depois voltamos a olhar para o mar, mas não deixo de ficar perplexo quando vejo um Plano de Recuperação e Resiliência que de um total de 16,6 mil milhões de euros, destina apenas 1,6 mil milhões de euros ao mar quando ele já representa para a Região 10% do PIB e 5% ao nível nacional.”

O secretário regional entende que “esta não é a forma de olhar” para a política marítima. “O mar foi outra vez deixado ao lado”, critica, para lembrar que a Madeira foi região pioneira no país e até no plano mundial, com projetos como a central dessalinizadora do Porto Santo, há mais de 40 anos, na produção de peixe em cativeiro, em mar aberto, com as primeiras instalações de aquacultura na Baía d’Abra, no Caniçal, há 25 anos, e na criação de áreas marinhas protegidas, algumas com 50 anos de existência, e dos recifes artificiais.

Teófilo Cunha agradeceu a participação de todos os oradores, congratulou-se com a qualidade das intervenções e lançou um repto aos privados que operam em todas as atividades ligadas ao mar. “Não poderá ser o governo regional e as câmaras a fazerem tudo”, disse. “Não devem ter medo de arriscar. Há uma responsabilidade das empresas que também têm de trabalhar e inovar para melhorar a nossa economia.”

O I.º Encontro do Mar foi o primeiro evento organizado pelo Governo Regional, através da Direção Regional do Mar da tutela da Secretaria Regional de Mar e Pescas, em que o enfoque principal foi a política do mar, o desenvolvimento da economia azul, as novas oportunidades, novos produtos, a investigação, a ciência e a tecnologia. 

A diretora regional do Mar (DRMar), Mafalda Freitas, foi uma das preletoras, tendo abordado precisamente a economia azul. Seguiram-se reflexões sobre as regiões insulares e os desafios de uma política marítima; o contributo da ACIF para a economia azul; a capacitação dos cidadãos para o mar; navegando num mar de homens, o testemunho de uma jovem armadora, Joana Reis, natural de Câmara de Lobos, licenciada e que cativou a plateia; Buggy Power: um futuro tornado realidade, através da produção de algas e do seu aproveitamento na alimentação (já há cerveja e bolo, por exemplo), mas também produtos para a saúde, beleza e alimento de peixe em cativeiro; O Centro de Química da Madeira e os trabalhos que desenvolve com ligações ao mar e à saúde; o Kids Dive, um projeto interessante que cativa os jovens para o mar, para o que está abaixo da superfície; o programa Escolas Azuis da Madeira, que está em crescendo e é uma das mais importantes sementeiras da DRM para a literacia do oceanos; o mar profundo da Madeira e os projetos da Fundação Rebikoff-Niggeler; novos recursos: o caso da gamba da Madeira; investigação no mar: os 25 anos de aquicultura e os projetos em desenvolvimento no Centro de Maricultura da Calheta; uma ilha, um recurso, 40 anos da central dessalinizadora do Porto Santo; a investigação meteo-oceanográfica da Região, através da ARDITI; a importância da monitorização marinha em contexto de alterações climáticas, investigação do MARE – Madeira.