“A Madeira tem óptimas condições” para crescer na aquacultura
Presidente do Governo na abertura do 1.º Encontro do Mar
A Madeira não só tem óptimas condições para desenvolver a produção de peixe em cativeiro como poderá dar um contributo decisivo para colmatar o deficit de produção nacional e contribuir para que Portugal possa afirmar-se como potência na exportação de peixe produzido em aquacultura.
Ideias defendidas esta tarde pelo presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, na sessão de abertura do 1º Encontro do Mar, a decorrer hoje e amanhã no Funchal, sob o lema ‘Um mar de oportunidades’.
Entre as várias potencialidades apontadas, Albuquerque apontou que “a Madeira tem óptimas condições para crescermos na aquacultura”. Uma actividade económica em franco crescimento – em média, 6% ao ano – que ainda assim representa mais de 50% do consumo nacional tenha de ser importado.
Albuquerque defende que o país, região incluída, devem apostar na aquacultura para não só “suprir o deficit de consumo” mas também afirmar-se como “uma das potências na exportação de aquacultura”, desafiou.
O presidente aproveitou o ‘mar de oportunidades’ para reforçar a grande importância do mar para Portugal, que além de ser “o segundo maior recurso nacional” proporciona “na vertente estratégica e geopolítica” a “única forma que Portugal tem para se projectar no mundo”, através de uma “política atlântica”, defendeu.
Reconheceu que “a grande dificuldade é a transição entre as boas ideias, as boas intenções, e a prática” para afirmar ainda mais Portugal como país ultraperiférico da Europa.
Com 2.500 quilómetros de linha de costa e 1.7 milhões de km2 de área marítima, 18 vezes superior à superfície terrestre nacional, Albuquerque conclui que “a grande riqueza do país e a descontinuidade”, tendo em conta que os arquipélagos da Madeira e dos Açores garantem o “triangulo atlântico” que do ponto de vista geopolítico “é fundamental”.
Assinalou ainda que com a previsível extensão da plataforma marítima continental,
Portugal passará a ter 4.100 km2 de área de jurisdição, ou seja, uma área 40 vezes superior à superfície terrestre de Portugal, que a concretizar-se, colocará Portugal na 6ª posição dos países com maior área marítima.
Argumentos para defender que “Portugal tem de adoptar de uma vez por todas uma prioridade estratégica para o mar”. Albuquerque diz mesmo que é decisivo e fundamental apostar directa e indirectamente no mar, antevendo que os produtos de origem marítima vão ser também “o novo paradigma para a sustentabilidade alimentar”, mas não apenas. “O mar também nos garante autonomia e emancipação económica”, reforçou.
Mais ainda quando “só 15% do mar é conhecido”, ou seja, “conhece-se muito melhor Marte ou a Lua do que as profundezas dos oceanos”, concluiu.
Na longa intervenção que fez, considerou ser também decisivo “alavancar” as empresas com dimensão e conhecimento na área da economia azul, e não esqueceu de lembrar a também relevante importância do tráfego marítimo, ao ponto de defender que “Portugal deve assumir uma posição decisiva na indústria naval” e assumir-se como ‘hab’ portuário nas rotas entre a Europa e o Canal do Panamá, Ásia e África, porque “90% do comércio externo da Europa é feito por via marítima”, lembrou.
Oportunidade ainda para dar conta que as áreas da Reservas Naturais na Madeira possivelmente serão aumentadas em breve e para sublinhar que 90% da biodiversidade da Europa é assegurada pelas regiões ultraperiféricas.