APRAM nega "adulteração danosa" dos trabalhos no Molhe
A Administração dos Portos da Madeira (APRAM) nega que os trabalhos executados no Forte de Nossa Senhora da Conceição, mais conhecido por Molhe, resultem numa "adulteração danosa" do património da Região. Esta reacção surge na sequência das declarações do Juntos Pelo Povo (JPP) relativas a estes trabalhos que o DIÁRIO deu conta numa das suas edições.
"As paredes em alvenaria de pedra do Forte de Nossa Senhora da Conceição, edificação de interesse patrimonial para a Região Autónoma da Madeira, encontravam-se em muito mau estado de conservação, resultante da erosão natural dos ambientes marinhos expostos, o que provocou não só o desaparecimento da argamassa que outrora existia entre as pedras constituintes do forte como a erosão das mesmas, causando o seu 'arredondamento'", começa por justificar a intervenção.
Aliás, diz a APRAM, "este fenómeno vinha provocando, nos últimos anos, o desprendimento de algumas das pedras, com as inerentes consequências ao nível da segurança dos utentes do Porto do Funchal, pelo que importava repor as condições originais, tendo-se solicitado, desde o início, a orientação da Direção Regional da Cultura (DRC), que prontamente acedeu ao apelo", garantem.
Na nota enviada pela presidente da administração portuária, Paula Cabaço assegura ainda que "a definição da metodologia de reposição, a natureza e a cor da argamassa a utilizar e outros aspetos complementares que foram necessários definir, foram sempre realizadas em estreita colaboração com a DRC, com o intuito de replicar as condições originais da construção à época, em que as argamassas não eram pigmentadas, obtendo-se esta coloração que agora se materializa".
E, assim, afirma que "ao contrário do que o JPP afirma, não houve uma betonização, nem aplicação de qualquer verniz, mas sim a aplicação de uma argamassa seca pré-misturada, composta de cal hidratada, cimento Portland, areias classificadas, e aditivos específicos para melhorar a trabalhabilidade e a aderência".
Continuando, "as argamassas agora repostas encheram os vazios existentes, causados pelo desaparecimento da outrora existente, garantindo sempre uma distância do topo da pedra de modo a evidenciá-la e não criar o efeito de 'parede lisa'. O único trabalho realizado sobre a pedra foi a lavagem com água, de modo a evitar uma ainda maior erosão", acrescenta.
Resumindo, para a APRAM "facilmente se conclui que os trabalhos que estão a ser realizados procuram precisamente respeitar a identidade da edificação e salvaguardar o património da Região, e não a sua adulteração danosa como o JPP afirma", conclui.