Polícia cubana impede activista de sair à rua para lançar protestos contra regime
As forças de segurança cubanas impediram hoje o ativista e dissidente cubano García Aguilera de atravessar a pé o centro de Havana, como lançamento dos protestas convocados para segunda-feira, em todo país, para pedir uma mudança política.
O dramaturgo e ativista permaneceu fechado em casa, incomunicável e vigiado por numerosos agentes da segurança de Estado, vestidos à civil, para impedir que saísse para as ruas, como tinha anunciado, testemunhou a agência Efe no local. Desde as 11:00 da manhã (15:00 em Lisboa), o edifício onde vive García Aguilera com a família no bairro da Lisa, a vários quilómetros do centro da capital, permanecia rodeado por agentes que impediam a passagem, com um velho autocarro escolar a bloquear a circulação. O telemóvel do ativista teve as chamadas restringidas e uma breve mensagem foi publicada na rede social Facebook a denunciar o cerco da polícia à sua casa, ainda segundo a Efe.
García Aguilera incomodou o Governo cubano por ter dado o rosto à iniciativa da plataforma virtual Arquipélago para caminhar na segunda-feira contra a violência, pela libertação dos denominados "presos políticos" e a defesa de uma solução por via democrática e pacífica. O objetivo da marcha proibida pelo Governo cubano, segundo explicou numa entrevista esta semana, "é sacudir o país, fazer com que as pessoas tomem consciência, gerar o debate que provoque mudanças", algo que espera "aconteça de forma pacífica e cívica".
Uma manifestação organizada pela oposição cubana a exigir a libertação de presos políticos, proibida pelo Governo cubano, está agendada para segunda-feira em Havana, e o presidente Díaz-Canel já avisou que é preciso "defender a revolução". Miguel Díaz-Canel disse que Cuba enfrenta "uma estratégia do império [Estados Unidos] para tentar destruir a revolução", mas afirmou que o país está preparado para a defender.
A oposição anunciou há várias semanas a intenção de se manifestar em Havana e em seis províncias, para exigir a libertação dos presos políticos, mantendo o apelo para a marcha cívica de segunda-feira, apesar da proibição das autoridades, que acusam os organizadores de serem pagos pelos Estados Unidos para tentar derrubar o regime.
A administração norte-americana pediu ao Governo cubano que permita a marcha cívica e evite o uso de violência, ameaçando com novas sanções caso haja repressão sobre os manifestantes. O apelo para participar no protesto ocorre num cenário de profunda crise económica, quatro meses após as históricas manifestações antigovernamentais de 11 de julho, quando milhares de cubanos saíram às ruas gritando "Liberdade" ou "Estamos com fome".
Essas manifestações resultaram numa morte, dezenas de feridos e na detenção de 1.175 pessoas, 612 das quais continuam presas, de acordo com a organização não-governamental (ONG) de direitos humanos Cubalex.