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Os CALOTEIROS e os caloteiros

O DN de 28/10/2021 tinha a notícia em destaque que o “SESARAM dá por perdido calote de 18 milhões de euros”. Os caloteiros são a PSP, a GNR e as Forças Armadas… portuguesas!

Já mais de um vez, ouvi um candidato político afirmar que as dívidas não se pagavam. Portanto, o responsável pelo cumprimento das regras dos compromissos assumidos mandou as regras às urtigas. Basicamente, quem vende tem a obrigação de entregar os bens vendidos/serviços prestados e o direito de receber a contraprestação correspondente. E quem compra tem o direito de receber os bens/serviços negociados e a obrigação de os pagar.

Já noutros tempos e a nível regional bem superior, houve fornecedores que, depois dos negócios concluídos, foram obrigados a reduzir, mais ou menos substancialmente (segundo me disseram), os valores acordados para poderem receber algum…

Já no plano nacional, um primeiro ministro afirmava que as dívidas não eram para pagar, mas para gerir.

Ensinaram-me as dívidas não se gerem, pagam-se! Escolas diferentes!!!

Por outro lado, um banqueiro condenado definitivamente a pena de prisão, por causa duns milhões de euros desbaratados a aforradores, depois de milhentos recursos e recursozitos, vai até ao estrangeiro e não regressa. Aliás, ele já tinha ido, várias vezes. Quiçá, escolher a palhota onde passaria os próximos tempos. Por cá, deixou o motorista que, num gesto magnânimo para com a patroa, comprou uma mansão por mais de 1 milhão de euros e cedeu o usufruto à senhora. Se o prédio fosse rústico, diria que era um negócio entre rendeiros…

Mais um motorista!

Outro banqueiro que fez igual ou pior, aguarda que os recursos e recursozitos vão eternizando a decisão judicial. Depois duma passagem por uma ilha mediterrânica, à procura do mar salgado, descobriram que ele, infelizmente, tem alzheimer. Só não sei se a doença é recente ou se é coisa que se arrasta há muitos, muitos anos, que o terá levado por caminhos ínvios.

A nível bem inferior, se o João das Couves roubar umas galinhas, corre o risco de apanhar com o TIR – termo de identidade e residência - e apresentações regulares na esquadra. E não pode alegar que se enganou no galinheiro, por causa da doença de alzheimer…

A justiça é cega, mesmo muito cega?

Ou os nossos eleitos quando fazem as leis, deixam alçapões, com vírgulas que permitem alterar a interpretação que, umas vezes, determina a contagem do tempo para a prescrição. Outras vezes retoma a contagem…

Parafraseando Fernando Pessoa, diria que são malhas que o império tece, enquanto o “povo” de sua mãe jaz e apodrece!

E lá vamos nós, portugueses, escolher novos actores políticos para que isto continue na mesma.