Patrões Europeus lamentam falta de "anúncios suficientemente ambiciosos" na COP26
A organização patronal europeia, a BusinessEurope, lamentou hoje que a cimeira das Nações Unidas sobre o clima de Glasgow tenha terminado "sem anúncios suficientemente ambiciosos" sobre as contribuições dos maiores parceiros comerciais da União Europeia, adianta a EFE.
Segundo a agência de notícias espanhola, o diretor-geral da BusinessEurope, Markus J. Beyrer, mostrou preocupação com a "falta de metas para 2030", embora reconheça "progressos nos objetivos a longo prazo".
Beyrer, citado pela EFE, defendeu que a União Europeia (UE) terá de manter um "forte regime de fuga de carbono face a um fosso de ambição persistente".
Para o responsável da BusinessEurope a cimeira de Glasgow teve como ponto positivo o desenho de um quadro sobre abordagens corporativas, apelando à sua implementação rápida para que os vários estados e o setor privado possam investir onde a redução de emissões pode ser mais facilmente alcançada.
"A comunidade empresarial será um parceiro-chave na implementação do acordo", salientou Beyer, acrescentando que estão "prontos a continuar a apoiar a transição, desenvolvendo e implementando as inovações necessárias para o seu sucesso, com o enquadramento político adequado".
Já o Partido Verde Europeu, avança a EFE, considerou que se os compromissos e iniciativas anunciados em Glasgow forem "totalmente implementados", permitirão limitar o aquecimento global a menos de dois graus Celsius, o que é "muito melhor do que os cerca de três graus" previstos até há pouco tempo.
Contudo, alertam, um aquecimento global perto dos dois graus "significaria ainda uma destruição inaceitável de vidas e ecossistemas", especialmente nas comunidades mais vulneráveis do sul do globo.
O Partido Verde Europeu apelou a que se "redobrem os esforços para enfrentar a crise climática" e a todos os países para que alinhem os seus compromissos de emissões com a limitação do aquecimento global a 1,5 graus.
Em comunicado, o Partido Verde Europeu instou ainda os países ricos a aumentar o financiamento internacional para ajudar os países pobres a limitarem as emissões, a adaptarem-se aos impactos climáticos e a compensarem as perdas e danos.
"A UE e os países europeus devem agora mostrar uma verdadeira liderança climática", consideraram, explicando que essa liderança tem que se traduzir em "aumentar a meta de emissões para 2030 para 65% e alcançar a neutralidade climática até 2040".
Para os Verdes a liderança da UE significa também apresentar um plano para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, mais urgentemente o carvão, aumentar o financiamento internacional para o clima e trabalhar em estreita colaboração com os países do Sul global para construir alianças.
O acordo de Glasgow reconhece que a limitação do aquecimento a 1,5°C requer "reduções rápidas, profundas e sustentadas das emissões globais de gases com efeito de estufa, incluindo uma redução de 45% das emissões de dióxido de carbono até 2030, em comparação com os níveis de 2010".
As negociações sofreram um impasse no que ao carvão diz respeito, com a Índia a conseguir alterar a referência ao "phasing out" do carvão para "phasing down", embora o texto contivesse a grande novidade de aludir pela primeira vez à necessidade de eliminar gradualmente os combustíveis fósseis.
No que diz respeito ao financiamento para os países em desenvolvimento, um dos pontos que causou mais divergências, o Pacto Climático de Glasgow insta os Estados ricos a "pelo menos" duplicarem a sua contribuição para a adaptação nos países mais desfavorecidos até 2025, em comparação com os níveis de 2019.