Madeira

Era uma vez a CAT

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Boa noite!

A Conferência Anual do Turismo (CAT) já não é o que era. E é pena. Até porque há um legado que convinha respeitar. O que já foi jacaré é hoje lagartixa?

Dizem os entendidos do sector que quem nele habita e ganha a vida, quando chamado a intervir tem a humildade de reconhecer o trabalho colectivo, de apontar o futuro comum e de identificar soluções exequíveis. O mesmo já não acontece com os especialistas no palpite e que não sentem de perto as especificidades da indústria na sua plenitude.

A CAT sempre teve a preocupação de ouvir quem tem conhecimento de causa, logo se perdeu o norte, o objectivo inicial, o espaço para a novidade, a margem para a discussão sem rancores e se já nem motiva a participação do presidente do governo desviou-se claramente de uma matriz que deu trabalho e frutos, estratégia e boas conversas.

Apenas sei que passou de um dia de reflexão e de aprendizadem para uma rapidinha despachada numa manhã. Se o organizador é o mesmo, o que terá mudado? A folha de excel do patrocinador, o descontentamento ditado pela procura, o peso do sector no PIB?

Da edição deste ano guardo esta imagem partilhada por João Welsh.

Leu bem. E como é óbvio, dá que pensar ou porventura para rir.

Em rigor, se há coisa que não sai da cabeça dos presidentes é o Turismo.  Viajar e coleccionar milhas está-lhes no sangue. Foi assim com Jardim que mudou de imagem da Região vezes sem conta, mesmo tendo secretários regionais com a pasta, e que andava repetidamente de malas aviadas rumo a Bruxelas. É assim com Albuquerque, sempre que opta por andar de cabeça no ar, e que não raras vezes mandata o seu porta-voz predilecto para botar faladura sobre tudo o que mexe.

A propósito, lemos recentemente o secretário da Economia a revelar que o peso do turismo no PIB regional é de 16%.

Que ninguém se tenha indignado, sobretudo aqueles que no sector refilam com tudo, não me espanta. Afinal, há sempre uma linha de crédito que pode dar jeito e que cala o protesto, ou então uma comenda a preceito ou um fundo prometido mesmo que não dê para as encomendas. Agora que tamanha discrepância em relação à realidade – o que já não é a primeira vez - seja tolerada é outra história. Como sobre o disparate ninguém se pronunciou, importa dizer que o peso do sector turístico  na economia é de 26%, ou seja, mais 10 pontos percentuais do que a estimativa avançada por Rui Barreto. Se o ‘destino seguro’ que propagandeia assenta no palpite que alguém manda dizer cuidem-se os que nele ganham a vida  pois está instalada uma perigosa lógica de subtração.