Presidente da cimeira pede abertura e assume que há "montanha para escalar"
O presidente da cimeira do clima da ONU pediu hoje "abertura e flexibilidade" aos negociadores da COP26, afirmando esperar um texto de resoluções "praticamente final" até quinta-feira de manhã, mas reconhecendo que ainda há "uma montanha para escalar".
Falando num plenário de balanço intercalar das negociações, Alok Sharma avisou que "o tempo não está do lado" da 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) e que "em alguns assuntos ainda há uma montanha para escalar", antecipando que hoje será "um dia muito longo".
Alok Sharma afirmou esperar que as equipas técnicas e ministeriais publiquem "durante a noite" o que espera ser "um texto praticamente final" que conduza na sexta-feira a "um resultado ambicioso e equilibrado" através de "uma série de decisões e conclusões consensuais".
"A nossa tarefa coletiva amanhã [quinta-feira] será identificar o mais elevado denominador comum entre as partes", reforçou.
O vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, defendeu que "a retórica na sala tem que levar a ação imediata e concreta em adaptação" e declarou-se "de mangas arregaçadas".
"Todos os países desenvolvidos como a União Europeia e os seus membros têm uma responsabilidade clara", salientou, apelando para que "todos os que ainda não aumentaram os compromissos em financiamento climático para adaptação" o façam.
"Nos três últimos dias, quase 800 milhões de dólares foram angariados para financiamento à adaptação em benefício dos países menos desenvolvidos mais vulneráveis", apontou, acrescentando que "mais de três quartos vieram da Europa".
A ministra do Ambiente das Maldivas, Aminauth Shauna, afirmou que para já, as partes concordaram em "estabelecer e lançar um programa de trabalho vigente por dois anos no objetivo global da adaptação, que começará a trabalhar imediatamente".
O seu homólogo norueguês, Espen Eide, afirmou que ainda não há acordo político sobre o financiamento da adaptação ás alterações climáticas.
Estabelecimento de um mercado de carbono e mecanismos de perdas e danos são outras áreas centrais da negociação em que ainda não há consenso.
O plenário de avaliação do progresso das negociações voltará a reunir-se na quinta-feira de manhã.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7º C.