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240 afegãos ameaçam processar Governo holandês se não os retirar do país

Foto EPA/STRINGER
Foto EPA/STRINGER

Um total de 240 cidadãos afegãos exigiram hoje, em duas cartas ao Governo holandês, que os retire rapidamente de Cabul, ou recorrerão à justiça, com a ajuda dos advogados que os representam na Holanda.

As cartas foram enviadas ao Ministério dos Negócios Estrangeiros holandês pelos 15 juristas que assistem na Holanda estes 240 cidadãos afegãos, porque pensam que o Governo em funções não está a fazer o suficiente para pô-los a salvo e não os mantém informados sobre os progressos relativos à sua possível retirada do Afeganistão.

A exigência é feita por dois grupos: um, de afegãos que ainda não receberam uma resposta ao seu pedido de retirada do país e querem que tal aconteça no prazo de duas semanas, e outro, de pessoas que receberam a confirmação da sua retirada do país, mas sem qualquer indicação de quando acontecerá, pelo que exigem sair no prazo de duas semanas.

Nas missivas, divulgadas pela televisão holandesa NOS, os afetados exigem que os retirem do Afeganistão o mais rapidamente possível, porque trabalharam de alguma forma para a Holanda, o que os coloca em perigo, após a chegada dos talibãs ao poder no país, em meados de agosto.

"As pessoas quase nunca recebem uma resposta às suas mensagens de correio eletrónico, e àqueles que recebem uma resposta não se lhes diz nada sobre quando vão ser retirados do país", denunciou Barbara Wegelin, uma das advogadas envolvidas, que recorda que estes cidadãos afegãos estão à espera desde finais de agosto.

As cartas foram enviadas hoje ao MNE holandês e ambos os grupos ameaçam recorrer aos tribunais em duas semanas, se não obtiverem resposta.

Na passada sexta-feira, o executivo holandês, que ainda tem uma lista de cerca de 2.000 cidadãos afegãos por retirar do Afeganistão, confirmou que não poderá retirar do país pessoas que não tenham um passaporte e não poderá fornecer-lhes outro documento de viagem, porque os talibãs não lhes permitiriam sair do país com ele.

Além disso, o Paquistão e o Qatar, países que estão a receber as pessoas retiradas de território afegão, só acolhem cidadãos com um passaporte válido.