UE condena atentado contra mesquita no Afeganistão e pede respeito pelas minorias
A União Europeia condenou hoje o atentado de sexta-feira contra uma mesquita xiita na cidade afegã de Kunduz, que matou mais de 80 pessoas e feriu mais de 100, reivindicado pelo Estado Islâmico, e pediu respeito pelas minorias religiosas.
"Os autores deste crime (...) devem ser apresentados à Justiça. Os direitos de todos os afegãos, incluídos o direito à vida e os direitos das minorias étnicas e religiosas, têm que ser protegidos e respeitados", disse, em comunicado, o porta-voz do alto representante da política externa da UE, Josep Borrell.
Frisando que a UE continua empenhada na paz e estabilidade e no apoio aos afegãos, o porta-voz afirmou que os contínuos ataques terroristas são "um sério obstáculo para um Afeganistão estável e pacífico".
O grupo radical Estado Islâmico (EI) reivindicou sexta-feira o ataque, protagonizado por um suicida que se fez explodir no interior da mesquita, no segundo grande atentado perpetrado por jihadistas desde que os talibãs assumiram o controlo de Cabul, a 15 de agosto passado.
O atentado ocorreu durante a oração de sexta-feira, a mais importante da semana, na concorrida mesquita situada na zona de de Sayed-Abad, em Kunduz, capital da província com o mesmo nome, no nordeste do Afeganistão.
O funeral das vítimas realizou-se hoje, com a participação de muitos familiares.
Um habitante de Kunduz, que perdeu vários familiares no atentado, disse à agência espanhola Efe que há ainda famílias a procurar parentes desaparecidos, adiantando que a maioria dos corpos foi hoje enterrada numa vala comum.
Os líderes da comunidade xiita de Kunduz pediram aos talibãs que garantam a proteção da minoria, bem como dos seus lugares de culto.
"Se arranjamos armas para defender a nossa mesquita, os talibãs vêm e tiram-nas. Mas se não temos armas, o Estado Islâmico ataca-nos. Não sabemos o que fazer", disse um dos líderes à Efe.
Num breve comunicado, os talibãs condenaram o ataque, prometendo "encontrar e deter os autores deste grande crime, e castigá-los severamente".
Contudo, as novas autoridades afegãs decidiram limitar a informação oficial sobre o atentado e outros incidentes de segurança relacionados com o EI, disse o porta-voz do Ministério do Interior, Qari Khosty.
"Foi notícia e já passou e os detalhes são agora competência dos organismos de segurança. Mais atenção sobre isto criaria mais medo e terror no país e, por outro lado, dá ânimo aos combatentes (do EI)", afirmou.
Nos últimos anos, o EI cometeu vários ataques contra a minoria xiita, em especial contra os hazara, tendo intensificado as suas ações no Afeganistão desde a retirada das tropas norte-americanas do país, no passado dia 31 de agosto.
O atentado com maior dimensão ocorreu no aeroporto de Cabul, no passado dia 26 de agosto, tendo provocado 170 mortos.