Trabalhadores da Cultura lamentam falta de diálogo com Governo sobre estatuto
Doze estruturas representativas dos trabalhadores da Cultura lamentaram hoje a falta de diálogo com o Governo sobre a proposta de Estatuto dos Profissionais da Cultura, cuja consulta pública terminou em junho.
Em comunicado conjunto divulgado hoje, estruturas como a Plateia, a Ação Cooperativista e o sindicato CENA-STE recordaram que estão há três meses à espera de uma resposta da tutela ao pedido de diálogo "sobre vários aspetos importantes e problemáticos da proposta" do estatuto dos profissionais.
O Estatuto dos Profissionais da Cultura foi aprovado em Conselho de Ministros em 22 de abril e a consulta pública terminou em junho, tendo o Ministério da Cultura anunciado na altura que recebeu 72 contributos.
Depois de "um longo e exigente" processo de conversações e três meses após a consulta pública, as doze estruturas consideram "inaceitável" que o Governo defina "a versão final da legislação sem [se] reunir novamente com as organizações representativas".
Até porque, sublinham, "o Governo interrompeu abruptamente o diálogo e aprovou em Conselho de Ministros, precipitadamente, a versão inicial do Estatuto", que "tem vários erros e limitações".
A 14 de julho, numa audição parlamentar, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, disse que em setembro seriam retomadas as reuniões com as entidades que estiveram envolvidas no processo de construção do estatuto.
Na altura, Graça Fonseca reiterou a "disponibilidade do Governo" para o diálogo.
"Se há espaço para melhoria, claro que há. O que o Governo mais deseja é conseguir chegar a uma solução, que certamente não agradará a todos, [mas] que consiga encontrar algum equilíbrio e permita dar resposta ao que nos preocupa a todos, desde logo a desproteção social em que muitos profissionais da Cultura se encontram", defendeu.
A 01 de outubro, a agência Lusa questionou o Ministério da Cultura sobre o estatuto, se já se tinha reunido com as entidades envolvidas e pediu mais informações sobre os contributos recebidos, mas aguarda ainda resposta.
Entre os "erros e limitações" do estatuto apontadas hoje pelos representantes dos trabalhadores estão a ausência de uma "estratégia, mecanismo ou medida de promoção do contrato de trabalho e combate aos falsos recibos verdes", a ausência de um "modelo viável para a proteção social" e a continuação de "regras problemáticas", como a "facilitação, sem critério, do uso de contratos a termo sem limite de renovações e sucessões".
O comunicado conjunto é assinado pela Plateia, Ação Cooperativista, CENA-STE, Associação Portuguesa de Realizadores, Associação de Estruturas para a Dança Contemporânea, PlataformaDança, ECARTE XXI - Educação, Cultura e Arte para o Século XXI, Associação de Artistas Visuais em Portugal, Associação Portuguesa de Profissionais dos Espectáculos e Eventos, Acesso Cultura, Convergência pela Cultura e GDA -- Gestão dos Direitos dos Artistas.