Nobel da Paz 2021 atribuído aos jornalistas Maria Ressa e Dmitry Muratov
O Prémio Nobel da Paz foi hoje atribuído aos jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitry Muratov, da Rússia, pela defesa da liberdade de imprensa e de expressão, anunciou o Comité Nobel Norueguês.
Os dois jornalistas foram distinguidos "pela sua corajosa luta pela liberdade de expressão nas Filipinas e na Rússia. Ao mesmo tempo, são representantes de todos os jornalistas que defendem este ideal num mundo em que a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais adversas", justificou a presidente Comité Nobel Norueguês, Berit Reiss-Andersen.
Este corresponde ao 102.º Nobel da Paz, desde que começou a ser atribuído em 1901.
Maria Ressa, 58 anos, "usa a liberdade de expressão para expor o abuso de poder, o uso da violência e o crescente autoritarismo" nas Filipinas, onde dirige o Rappler, um órgão de comunicação social digital que se dedica ao jornalismo de investigação e que cofundou em 2012.
O Comité Nobel destacou, em particular, o papel de Ressa e do Rappler na denúncia da "controversa e assassina campanha antidroga do regime" do Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte".
Para o Comité, o número de mortes desta campanha é tão elevado que "se assemelha a uma guerra travada contra a própria população do país".
Ressa e o Rappel também "documentaram como os meios de comunicação social estão a ser utilizados para espalhar notícias falsas, assediar adversários e manipular o discurso público".
Dmitry Muratov, 59 anos, é um dos fundadores do jornal independente Novaja Gazeta, criado em 1993, e de que é chefe de redação há 24 anos.
Para o Comité Nobel, trata-se do "jornal mais independente da Rússia, com uma atitude fundamentalmente crítica em relação ao poder".
"O jornalismo livre, independente e baseado em factos serve para proteger contra abusos de poder, mentiras e propaganda de guerra", disse Berit Reiss-Andersen.
Pelo seu jornalismo baseado em factos e a sua integridade profissional, o Novaja Gazeta é "uma importante fonte de informação sobre aspetos censuráveis da sociedade russa raramente mencionados por outros meios de comunicação social", acrescentou.
O Comité Nobel "está convencido de que a liberdade de expressão e a liberdade de informação ajudam a assegurar um público informado".
"Estes direitos são pré-requisitos cruciais para a democracia e a proteção contra a guerra e os conflitos", acrescentou.
Em 2020, o Prémio Nobel da Paz foi atribuído ao Programa Alimentar Mundial (PAM), pelo papel desta agência das Nações Unidas para acabar com a fome como "uma arma de guerra e conflito".
O Prémio Nobel da Paz é o único dos seis prémios a ser atribuído e apresentado fora da Suécia, em Oslo, a pedido expresso de Alfred Nobel (1833-1896), uma vez que a Noruega fazia parte do reino sueco no seu tempo.
Este prémio é o quinto dos anunciados até hoje, depois dos prémios de Medicina, Química, Física e Literatura, e antes do prémio de Economia, que será atribuído na próxima segunda-feira.
Desde 1901, o Prémio Nobel da Paz foi atribuído 101 vezes, a 132 laureados: 90 homens, 17 mulheres e 25 organizações, segundo a organização.
Os laureados irão receber um prémio de oito milhões de coroas suecas (cerca de 788 mil euros), além de um diploma e uma medalha.
Sem liberdade de expressão e liberdade de imprensa, será difícil promover com sucesso a fraternidade entre nações, o desarmamento e uma ordem mundial melhor para ter sucesso no nosso tempo. A atribuição deste ano do Prémio Nobel da Paz está, por isso, firmemente ancorada nas disposições da vontade de Alfred Nobel.