Ministra justifica aumentos salariais com revisão em alta do cenário macro
A ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, atribuiu ontem a sua mudança de posição nas negociações sobre os aumentos salariais dos funcionários públicos à revisão do cenário macroeconómico apresentado pelas Finanças na quarta-feira.
Na segunda ronda negocial com os sindicatos, realizada ao final do dia, a equipa liderada por Alexandra Leitão apresentou uma proposta de aumentos salariais de 0,9% para 2022 para a função pública, depois de, na segunda-feira ter afastado a possibilidade de atualizações generalizadas no próximo ano.
Questionada quinta-feira pelos jornalistas sobre qual o motivo da mudança de posição tomada três dias antes, a ministra disse que o que mudou foi "uma revisão em alta [do cenário macroeconómico da proposta de Orçamento do Estado para 2022], na apresentação que o senhor ministro das Finanças fez na Assembleia da República ontem [quarta-feira] de manhã".
Na quarta-feira, após reuniões com uma equipa liderada pelo ministro das Finanças, João Leão, o PEV adiantou que o Governo lhe tinha comunicado que prevê agora um crescimento da economia de 4,6% este ano e de 5,5% em 2022.
Esta semana, no parlamento, onde decorrem as negociações para o OE2022, tanto o PCP como o BE têm sublinhado a necessidade dos funcionários públicos terem aumentos salariais em 2022.
"Tendo em conta tudo isso e a vontade que eu própria manifestei na segunda-feira que era o desejo de todo o Governo que pudesse haver essa valorização, foi possível com um esforço [atribuir aumentos salariais]", afirmou Alexandra Leitão esta noite, após a ronda negocial com as três estruturas sindicais.
Além da atualização salarial de 0,9% para 2022, a ministra disse que mantém em cima da mesa as outras matérias para a função pública, nomeadamente a valorização do salário de entrada dos técnicos superiores.
Sobre este tema, "a negociação ocorrerá em 2022" e "a tempo" de produzir efeitos no próximo ano, acrescentou.
A ministra disse ainda que a valorização do salário de entrada dos técnicos superiores será aplicada "ainda que gradualmente" aos atuais trabalhadores e não apenas aos que vierem a entrar na administração pública.