Vamos ganhar todos o Salário Mínimo?!
Uma valorização, ainda maior, do Salário Mínimo Nacional (SMN) é uma necessidade premente de um país onde grande parte da classe trabalhadora é mal paga e (sobre)vive abaixo do limiar da pobreza. Dito isto, e numa altura em que se discutem as medidas a serem introduzidas no próximo Orçamento do Estado (OE), é obrigação dos que se sentam à mesa das negociações terem presente a necessidade de garantir idêntica valorização das remunerações dos restantes trabalhadores cujos vencimentos quase não têm sido aumentados na última década. Os salários miseráveis que se praticam na esmagadora maioria das categorias da Função Pública (FP), por exemplo, são uma vergonha quase tão grande como as miseráveis declarações da Ministra com a tutela da Administração Pública que apenas garante a subida do SMN com reflexos, apenas, nos níveis remuneratórios mais baixos da FP.
Quer isto dizer que a esmagadora maioria dos Assistentes Técnicos da FP - que constituem a maior ‘fatia’ dos servidores do Estado - continuarão a levar para casa menos de 800 euros por mês enquanto que a grande parte dos Técnicos Superiores, que tanto investiram na sua formação, continuarão a ter ordenados líquidos na ordem dos 1000 euros mensais e até menos. Esta afronta a quem, todos os dias, dá o melhor de si nas áreas da saúde, do social, da educação e da administração local - entre tantas outras - não pode nem deve ser tolerada por aqueles que têm o poder de, na Assembleia da República, viabilizar o OE. Como não pode ser permitida pelas centrais sindicais e sindicatos a elas associados ou independentes. Valorizar o SMN?! com certeza. Garantindo que os restantes trabalhadores da Administração Pública (e, também, do Setor Privado) tenham aumentos salariais na mesma proporção percentual. A não ser assim de nada servirá, a quem viabilizar o OE, andar a gritar aos quatro ventos que “defende os trabalhadores”, enquanto permite que tanta gente seja desrespeitada e explorada. De igual modo, as estruturas sindicais têm que ter posições de força para fazerem ouvir a sua voz. Se o Governo, os Ministros, o Chefe do Executivo e o Presidente da República preferem hostilizar quem trabalha, inclusive os servidores do Estado, é preciso trazer a Luta para a rua. Se assim não for, qualquer dia estamos todos a ganhar o Salário Mínimo e a fazer fila à porta dos serviços sociais.