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Merkel em Roma para visita de despedida ao papa e a Draghi

Chanceler alemã, Angela Merkel, e primeiro-ministro italiano, Mario Draghi.
Chanceler alemã, Angela Merkel, e primeiro-ministro italiano, Mario Draghi.

A chanceler alemã cessante, Angela Merkel, em visita de despedida a Roma, foi hoje homenageada pelo primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, depois de ser recebida em audiência privada pelo papa Francisco.

"A chanceler soube conduzir a Alemanha e a União Europeia com calma e determinação", declarou Draghi, numa conferência de imprensa conjunta com a chanceler na sede do Governo italiano.

"Merkel foi uma defensora do multilateralismo (...) Ela transformou o papel da Alemanha na Europa. Sentiremos a sua falta, mas estou certo de que a reveremos em Itália, dado o seu amor pelo nosso país", acrescentou.

Antes da pandemia de covid-19, Merkel deslocava-se regularmente a Itália, tanto à ilha de Ísquia, como ao norte montanhoso, em Trentino-Alto Ádige.

"O meu amor por Itália não acabará, virei passar temporadas a Roma, regressarei a Itália noutro papel", respondeu-lhe a chanceler.

"Trata-se, talvez, do nosso último encontro bilateral, estou feliz por estar aqui. Em alguns meses, uma cooperação muito estreita nasceu" entre nós, sublinhou.

"Quando ele estava no banco central, colaborámos e o senhor Draghi era um protetor do euro", recordou Merkel, que manteve contactos com Draghi durante vários anos, enquanto ele presidiu ao Banco Central Europeu (BCE).

Os dois chefes de Governo iam em seguida almoçar juntos num restaurante do centro de Roma.

Horas antes, Merkel fora recebida em audiência privada pelo papa Francisco.

"Tivemos uma conversa importante sobre as agressões [sexuais] cometidas contra crianças: eu queria sublinhar com a minha visita que pensamos que a verdade deve vir ao de cima e que o assunto deve ser resolvido", declarou a chanceler alemã à imprensa após o encontro.

Angela Merkel foi recebida pelo papa depois de ter visitado um novo instituto dependente da universidade do Vaicano dedicado às medidas de proteção das pessoas vulneráveis, um tema particularmente premente no seio da Igreja Católica alemã, também ela confrontada com o escândalo de agressões sexuais de menores.

Após 16 anos no poder, a chanceler prepara-se para deixar o cargo. Social-democratas, Verdes e liberais alemães do FDP devem iniciar hoje negociações para tentar formar uma coligação inédita, e sem os conservadores do bloco CDU/CSU de Merkel.

Essas discussões preliminares não significam ainda, porém, que a coligação seja formada e que Olaf Scholz, o líder do SPD e vice-chanceler cessante, suceda na chancelaria a Angela Merkel.