Mundo

Corpos de 17 migrantes encontrados na costa da Líbia

Foto DR
Foto DR

Dezassete corpos foram encontrados nas últimas 24 horas junto à costa oeste da Líbia, informou hoje a guarda costeira líbia, indicando que as vítimas, identificadas como migrantes, morreram na sequência de um naufrágio.

"Nas últimas 24 horas, os corpos de 17 migrantes foram encontrados na costa entre as cidades de Zawiya e de Sorman pelas equipas do Crescente Vermelho [organização federada com a Cruz Vermelha Internacional]", disse um oficial da guarda costeira líbia, em declarações à agência France-Presse (AFP).

As vítimas morreram afogadas depois da embarcação em que viajavam se ter virado, disse a mesma fonte.

A representação do Crescente Vermelho em Zawiya, uma cidade localizada a cerca de 50 quilómetros da capital líbia, Tripoli, divulgou imagens dos corpos dos migrantes, envoltos em mortalhas.

A Líbia, país localizado a cerca de 300 quilómetros das costas italianas, faz parte da chamada rota migratória do Mediterrâneo Central, encarada como uma das mais mortais, que sai igualmente a partir da Argélia e da Tunísia em direção à Itália e a Malta.

Devido à situação do país, imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muhammar Kadhafi em 2011, a Líbia não é considerada "um porto seguro" para os migrantes.

Mesmo assim, o país tornou-se um importante ponto de passagem para centenas de milhares de migrantes, sobretudo africanos e árabes que tentam fugir de conflitos, violência e da pobreza, que procuram alcançar a Europa através do mar Mediterrâneo.

Em meados de julho, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) avançou que o número de migrantes que morreram ou desapareceram ao tentar fazer a travessia do Mediterrâneo em direção às costas europeias tinha mais do que duplicado desde o início de 2021 face ao mesmo período do ano passado.

Já em setembro, a OIM contabilizava 1.369 migrantes mortos no mar Mediterrâneo desde o início do ano.

Esta nova situação dramática no Mediterrâneo acontece poucos dias depois de uma vasta "operação de segurança" conduzida pelas autoridades líbias nos subúrbios de Tripoli, que visou principalmente migrantes em situação irregular.

A organização não-governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou hoje que o número de migrantes, refugiados e requerentes de asilo retidos nos centros de detenção em Tripoli mais que triplicou nos últimos cinco dias, "num resultado direto das detenções arbitrárias e em larga escala de migrantes e refugiados, incluindo mulheres e crianças, que estão a ser feitas na Líbia desde a passada sexta-feira, 01 de outubro".

De acordo com a ONG, "pelo menos 5.000 migrantes e refugiados" encontram-se atualmente retidos na capital líbia.

Estes "raides de detenções", como caracteriza a MSF, provocou um morto e fez pelo menos 15 feridos, segundo informou a Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (UNSMIL, na sigla em inglês).

"A MSF insta veementemente as autoridades da Líbia a pararem estas detenções maciças de migrantes e refugiados vulneráveis e a libertarem todas as pessoas que estão ilegalmente retidas", apelou a ONG num comunicado, defendendo ainda que as autoridades líbias "devem também, com o apoio das organizações relevantes, identificar alternativas seguras e dignas à detenção e permitir a retoma imediata das transferências humanitárias e dos voos de relocalização para fora da Líbia".

Várias ONG de defesa dos direitos humanos e agências das Nações Unidas denunciam regularmente o facto dos migrantes intercetados pelas autoridades líbias serem colocados em centros de detenção sobrelotados e sem condições básicas, onde estão expostos a abusos, violações ou tortura.