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O Divulgador

O elogio fúnebre é o lugar-comum onde se enterram as memórias dos que partem, mais do que no pó da terra, na neve e gelo de montanhas ou no mar quando assim acontece. Mais difícil é elogiar em vida, reconhecer a grandeza de um Homem ou admirar o seu trabalho. Hoje escreverei sobre um homem conhecido simplesmente por José Duarte. Poderá parecer pormenor insignificante, mas para além dos jogadores da bola quem mais dispensa um apelido que o apresente? Poucos, muito poucos. Quando aterrei em Lisboa troquei a televisão pela rádio e os “Cinco minutos de jazz” acompanharam-me muitas vezes ao entrar pela noite dentro, ainda hoje. Há mais de meio século que José Duarte partilha a sua paixão, divulga o jazz de hoje mas também o de sempre. Desembrulha nomes novos ou desconhecidos e oferece-nos com a mesma generosidade com que recorrentemente passa Miles Davis ou Nina Simone. Reconhecido já em vida por muitos, e também pela Presidência e pelo Governo, aqui fica o meu elogio em vida, em forma de agradecimento. Mais valor tem este conhecimento que é partilhado, pois multiplica-se, chega mais longe e torna-se vivo e dinâmico. Assim, que se divulgue o divulgador então! “Até jazz”.