Madeira

Plataforma AZIA denuncia esquecimento da população na Conferência ‘Aquaculture Europe 2021’

Grupo de cidadãos avisa poder repetir protestos para defesa da orla costeira do arquipélago da Madeira sem jaulas de aquicultura

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No dia de abertura da Conferência ‘Aquaculture Europe 2021’ - o maior encontro científico e técnico da Europa na área da Aquacultura - que vai decorrer no Funchal, entre hoje e quinta-feira, dia 7, a Plataforma AZIA acaba de emitir um comunicado sobre o evento.

Maior evento de aquacultura da Europa acontece na Madeira

Este ano, a região será anfitriã da 'Aquaculture Europe 2021', com o tema 'Um mar de oportunidades'

Maria Catarina Nunes , 01 Outubro 2021 - 22:39

Eis o teor do mesmo:

A Plataforma AZIA é um grupo de Cidadãos que agrega não só locais da Ponta do Sol, mas também da restante ilha e defende uma orla costeira do arquipélago da Madeira sem jaulas de aquicultura em modo de produção intensiva e semi-intensiva. Estamos aqui hoje para relembrar aos promotores, investidores, cientistas e demais pessoas envolvidas, que a população local onde esta indústria é instalada deve ser envolvida em todo o processo, para que se evite conflitos de interesse. Como já foi dito, esta indústria, nos moldes em que está a ser levada a cabo, é invasora do espaço oceânico natural e autêntico, entrando em conflito com os ecossistemas marinhos e a paisagem natural da nossa amada ilha da Madeira. Aos nossos olhos, aos dos que nos visitam e aos que decidem mudar a sua residência para cá. A inclusão, participação, proximidade e não discriminação são termos cada vez mais usados pelos políticos, governantes e empresários, e no entanto, no terreno não se verifica essa preocupação de agir em consonância com as palavras. É na verdade, nada inclusivo e participativo, que com cerca de 1200 pessoas convidadas para esta conferência, ninguém se lembrou de convidar a população local para fazer parte do desenvolvimento desta actividade, pois são os locais que irão ter que lidar com as consequências da actividade diária desta indústria, e não os 1200 convidados que regressarão ao conforto das suas localidades. Além disso, ainda não nos foi claramente esclarecido como é que uma indústria em modo de produção intensiva, que é a que se pratica actualmente em 3 explorações na Madeira, é ambientalmente sustentável. Ao que parece a sustentabilidade a que se referem é apenas em termos económicos para as empresas que exploram esta actividade industrial, com benesses advindas das nossas árduas contribuições, como é o caso do avião-cargueiro que recebe um alto subsídio a preço de ouro para permitir que estas indústrias transportem o peixe para o exterior a custos irrisórios, lucrando às nossas custas! É importante fazer saber à população que este evento aqui hoje realizado, tem como patrocinador de ouro uma empresa de comercialização de ração para peixe que está listada na Bolsa de Valores de Copenhague com uma capitalização de mercado de 1,2 biliões de euros (dados de 31 de Dezembro de 2015). Esperamos que esta conferência sirva para reflectir sobre isto. Queremos relembrar que tudo isto começou com uma mentira por parte do Governo Regional da Madeira a dizer à população da Ponta do Sol, que as jaulas ficariam instaladas a 4 km da costa, quando o Jornal Oficial da Região Autónoma da Madeira refere que «a linha que delimita a parcela paralela à costa não deverá ter extensão inferior a 1000 metros» e, na realidade, verificamos in loco, que ficariam a 750 m, tendo em conta a localização das bóias sinalizadoras. Este precedente desencadeou uma onda de desconfiança na população quanto a todo o processo de licenciamento, ao que foram levantadas mais questões que até hoje ainda estão por responder. Relembramos também que a 2 de Fevereiro de 2020, cerca de 600 pessoas estiveram em protesto entre o cais e a praia da Ponta do Sol e daí a uma semana, a 9 de Fevereiro na avenida da Calheta com cerca de 100 pessoas. E mais recentemente, o movimento popular ‘Ribeira Brava sem mais jaulas’ promoveu a participação da consulta pública ‘Ampliação da Piscicultura Flutuante Offshore da Ribeira Brava’ com 27 participações do participa.pt, contra as intenções desta indústria e das do Governo Regional, e se for preciso voltaremos a repetir. Que se mantenha activa a democracia! Caso contrário vivemos numa ditadura do ‘quero, posso, e mando’.