Mais de 5.100 migrantes detidos na Líbia
As autoridades líbias detiveram mais de 5.100 migrantes, incluindo crianças e mulheres grávidas, numa operação iniciada na sexta-feira, que provocou pelo menos um morto e 15 feridos, segundo um novo balanço divulgado hoje.
A operação tem estado a ser realizada na cidade ocidental de Gargaresh, um importante centro para migrantes no país norte-africano.
O balanço, com data de domingo, foi obtido hoje pela agência de notícias Associated Press (AP).
De acordo com o relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM) da ONU, 5.147 foram detidos até domingo, incluindo 215 crianças e mais de 540 mulheres, pelo menos 30 das quais estão grávidas.
A ONU admite no relatório que o balanço possa aumentar, uma vez que a operação prossegue em várias partes da área, também conhecida como o bairro de Andaluz.
As autoridades líbias disseram que as operações fazem parte de uma campanha de segurança contra a migração ilegal e o tráfico de drogas.
O Ministério do Interior da Líbia, que liderou a operação, não fez menção à prisão de traficantes ou contrabandistas, nem aos alegados abusos durante as rusgas, incluindo o uso de força letal, que foram denunciados pela ONU.
Gargaresh, um conhecido centro de migrantes e refugiados, fica a cerca de 12 quilómetros a oeste de Tripoli, a capital da Líbia.
A cidade assistiu a várias ondas de ataques contra migrantes ao longo dos anos, mas o último foi descrito por ativistas como o mais violento até agora.
País rico em petróleo, a Líbia mergulhou no caos após a revolta de 2011, que levou ao afastamento e morte do ditador Muammar Khadafi.
Desde então, a Líbia emergiu como o ponto de trânsito dominante dos migrantes que fogem da guerra e da pobreza em África e no Médio Oriente, na esperança de uma vida melhor na Europa, e de atuação de grupos de tráfico de seres humanos.
A coordenadora humanitária da ONU para a Líbia, Georgette Gagnon, criticou as rusgas, nas quais migrantes desarmados foram assediados nas suas casas e espancados, segundo a AP.
As autoridades distribuíram os migrantes pelos centros de detenção na capital, Tripoli, de acordo com o documento da OIM.
Pelo menos 4.187 dos detidos, incluindo 511 mulheres e 60 crianças, foram enviados para o centro de detenção de Mabani e o centro de Abu Salim recebeu pelo menos 570 migrantes, segundo o documento.
Outros 390 foram levados para o centro de Share al-Zawiya, incluindo as 30 mulheres grávidas e 155 crianças.
Ativistas de direitos humanos têm denunciado abusos nestes centros de detenção, incluindo agressões sexuais a jovens mulheres somalis em Share al-Zawiya.