André Ventura avisa PSD que o Chega "não vai ceder a chantagens"
O líder do Chega, André Ventura, avisou que o seu partido não vai "ceder a chantagens" do PSD ou "ser obrigado" a votar um "Governo que não aceite transformações" no país.
"Eu quero deixar isso claro como água ao PSD: se pensa alguma vez que este partido vai ceder a chantagens ou ser obrigado a votar um Governo que não quer ou não aceite transformações em Portugal, no primeiro dia em que for à Assembleia da República para aprovar um programa, o Governo cai como um castelo de cartas", afirmou.
André Ventura discursava na sexta-feira à noite, em Fafe, no distrito de Braga, num jantar de apoio à sua recandidatura à presidência do partido.
O dirigente disse que o Chega não pode "vender o enorme património" que vai conquistar nas eleições legislativas antecipadas, se ocorrerem.
"Se chegarmos ao PSD e nos vendermos, nós não estaremos a fazer melhor do que outros fizeram antes de nós. Nós temos que levar o nosso programa, as nossas reivindicações, a nossa força disruptiva e dizer-lhes: é isto ou não contam connosco. Nós não nos vendemos por lugares", acentuou, muito aplaudido por cerca de duas centenas de apoiantes.
André Ventura recordou que o seu partido nunca pediu eleições, mas, sinalizou, "agora que o Governo caiu e que o Orçamento não foi aprovado não há outro caminho para Portugal".
"Agora os portugueses têm de ser ouvidos outra vez e nós sabemos que o Chega vai ser a terceira maior força política em Portugal", previu.
Para o líder do Chega, a situação política atual só ocorre porque António Costa acha que pode "cumprir o sonho de José Sócrates, de ter uma maioria absoluta".
"António Costa vai atrás da maioria absoluta e nós somos a única barreira entre uma maioria absoluta socialista e o futuro de Portugal".
Também o atual líder do PSD foi visado por Ventura, que acusou Rui Rio de desejar o bloco central: "Rui Rio admite o que nós já sabemos há muito tempo, que quer ser vice-primeiro-ministro de António Costa. Eles estão há anos a tentar formalizar o casamento e agora encontraram um momento perfeito, que é dizer com o Chega não, por isso, o ideal é formarmos aqui um bloco central".
Um eventual bloco central será, para o líder do Chega, "o assumir de uma coisa que já se sabe há muito tempo, que o PS e o PSD são iguais e que estão prontos a governar Portugal da mesma maneira".
Nesse momento, observou, o Chega será "a única oposição".
Ventura também deixou críticas aos partidos da esquerda parlamentar no momento político atual do país, dizendo que o Bloco de Esquerda e o PCP temem as eleições antecipadas.
"A extrema-esquerda está cheia de medo destas eleições, de desaparecer do panorama político em Portugal. Destruíram e mandaram abaixo o Governo e vão pedir de joelhos ao Presidente para não marcar eleições", afirmou.
O PAN também foi visado no discurso, conquistando muitas gargalhadas e o maior aplauso da noite quando Ventura afirmou: "Ao PAN só faltou tirar a camisola, tirar a roupa e dizer ao PS: come-me por favor".
O dirigente ainda comentou o momento do seu partido, nomeadamente as eleições para a sua presidência, deixando uma crítica aos opositores: "Agora colher o trabalho de um partido que teve de se fazer sozinho, sem a ajuda de ninguém, é, pelo menos, um oportunismo muito grande. Mas, se é para ir a votos, vamos a votos, é assim que se faz em democracia. Eu espero que isto fique clarificado no dia 06 de novembro".