Encontro entre líderes do PSD e do CDS adiado
O encontro entre os líderes do PSD e do CDS-PP, previsto para hoje em Aveiro, foi adiado, anunciaram os sociais-democratas em comunicado, acrescentando que uma nova data para a reunião "será comunicada oportunamente".
"A iniciativa prevista para hoje com Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos encontra-se adiada. A nova data será comunicada oportunamente", divulgou o PSD, numa nota enviada às redações, cerca de uma hora e meia depois de um comunicado confirmar o encontro para um hotel de Aveiro (na quinta-feira tinha sido anunciado sem localização concreta para o concelho de Aveiro).
Na quinta-feira, o PSD anunciou que a reunião se destinava a "discutir a atual situação política, na sequência do chumbo do Orçamento do Estado".
O líder do CDS-PP já admitiu em entrevista ao Expresso não excluir uma coligação pré-eleitoral com o PSD e, no último comício da recente campanha autárquica, desejou que a partir das eleições locais os dois partidos possam "juntos ir embalados para derrotar o PS a nível nacional e dar uma governação de centro-direita".
Rui Rio tem falado menos sobre o tema, mas em 16 de março, no dia da assinatura do acordo-quadro para as autárquicas entre os dois partidos, e questionado se o entendimento poderia ser replicado no futuro em legislativas, respondeu que "logo se verá, em função das circunstâncias e da conjuntura política".
"Do ponto de vista estrutural, é muito provável, isto tem história, mas depois a conjuntura política de cada momento também conta", afirmou então Rui Rio.
Já o seu adversário na disputa da liderança, o eurodeputado Paulo Rangel, afirmou na quarta-feira em entrevista à RTP3 preferir o cenário de o PSD concorrer sozinho a legislativas.
"Admito que o PSD pode convencer o seu líder de que é melhor encontrar outra alternativa, mas do meu ponto de vista o PSD deve ir sozinho", afirmou Rangel, apontando o CDS e IL como parceiros de diálogo pós-eleições.
Já o adversário anunciado do presidente do CDS-PP, o eurodeputado Nuno Melo, não excluiu uma coligação pré-eleitoral com o PSD, mas defendeu que essa questão deve ser decidida em congresso, deixando um alerta, em entrevista na semana passada ao Público e à Rádio Renascença.
"Se há coisa que eu sei é que o PSD não respeita propriamente um partido que seja débil no plano negocial. Não aceitaria uma coligação com o PSD se me dissessem 'está a ver o número de deputados que tem? é o número de deputados que o CDS vai ter'", afirmou.
Em 2019, PSD e CDS-PP concorreram separados a eleições, mas em 2015 (liderados por Pedro Passos Coelho e Paulo Portas) firmaram uma coligação pré-eleitoral depois de mais de quatro anos juntos no Governo que foi a força política mais votada, com 36,8% dos votos.
No entanto, PSD e CDS-PP não conseguiram ver aprovado o seu programa de Governo no parlamento, acabando por ser o PS liderado por António Costa a governar, com o apoio parlamentar de PCP, BE e PEV.
Na quarta-feira, a Assembleia da República 'chumbou', na generalidade, o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) com os votos contra do PSD, BE, PCP, CDS-PP, PEV, Chega e IL, abrindo caminho a eleições legislativas antecipadas.
O PS foi o único partido a votar a favor da proposta orçamental, que mereceu as abstenções do PAN e das duas deputadas não-inscritas, Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues.