Nuno Melo aceita adiamento do congresso desde que se realize antes das legislativas
Nuno Melo, candidato à liderança do CDS-PP, afirmou na quinta-feira à noite que aceita um possível adiamento do congresso agendado para o final de novembro, desde que ser realize antes das eleições legislativas.
"Nós não nos importamos nada que o congresso seja adiado, o que não aceitamos é que seja adiado para depois das eleições legislativas", afirmou o candidato.
O centrista falava aos jornalistas à porta da sede do CDS-PP, em Lisboa, na quinta-feira à noite, enquanto decorria dentro do edifício, desde cerca das 22h00, uma reunião da Comissão Política Nacional, órgão alargado da direção.
O candidato à liderança do partido defendeu que é importante que "os militantes, através do congresso, legitimem quem os deve representar enquanto líderes e também enquanto estratégia".
"Quem queira evitar o voto dos militantes num congresso que, por vontade própria, pediu, não terá qualquer legitimidade para representar o CDS em eleições legislativas perante o país", salientou Nuno Melo.
Quando falou aos jornalistas, Nuno Melo apontou que, mesmo se realizando no final de novembro, "este congresso decidiria atempadamente a estratégia e a liderança que deveria liderar o desafio das próximas legislativas, sendo certo que o senhor Presidente da República antecipou que decidiria o calendário das eleições em tempo para que os partidos, PSD e CDS, estabilizarem as suas lideranças".
"Não havia quanto a isso nenhuma pressa", frisou, apontando que Francisco Rodrigues dos Santos quer adiar o congresso "por medo" de o perder.
E comparou Rodrigues dos Santos a António Costa, indicando que o primeiro-ministro formou Governo depois de ter "perdido as eleições" e o líder do CDS é um "presidente que se quer manter evitando-as".
Questionado sobre o caso do PSD, que também tem agendadas eleições internas, Nuno Melo afirmou que "o PSD vai ter congresso, não vai fugir ao congresso, e o CDS vai fugir ao congresso".
E sobre uma possível coligação pré-eleitoral entre os dois partidos, disse que a direção centrista quer "vincular o partido a uma estratégia que não é sua, devia ser dos militantes".
Para hoje ao final da tarde está marcado um Conselho Nacional extraordinário, convocado com caráter de urgência a pedido do presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, cuja ordem de trabalhos tem dois pontos: "deliberação sobre a realização do XXIX Congresso Nacional" e "análise da situação política".
Depois de alguns líderes distritais e de o líder regional dos Açores ter enviado uma carta ao presidente do partido a pedir o adiamento do congresso, Nuno Melo entregou aos jornalistas um documento assinado por "mais de metade das estruturas eleitas neste momento no CDS".
Entre os subscritores estão o presidente do CDS/Madeira, Rui Barreto, o antigo presidente do Conselho Nacional e antigo ministro da Economia António Pires de Lima, os ex-deputados Nuno Magalhães, Hélder Amaral e João Gonçalves Pereira (também líder da distrital de Lisboa), o antigo ministro Pedro Mota Soares, ou os presidentes das câmaras de Velas, Vale de Cambra e Oliveira do Bairro (eleitos pelo partido) e o deputado Pedro Morais Soares.
No texto, entregue ao presidente do partido durante a reunião da Comissão Política Nacional, os subscritores consideram que "a suspensão do ato eleitoral do próximo domingo e do congresso previsto nos dias 27 e 28 de novembro representam uma suspensão da democracia interna e, desse ponto de vista, um verdadeiro golpe de estado no partido, do qual resultará um presidente e uma direção sem legitimidade interna e sem credibilidade no país".
"Solicitamos-lhe, por isso, que reveja a sua posição, mantendo as eleições do próximo domingo e o congresso dos dias 27 e 28 de novembro, sob pena de não o fazendo, passar a ser o único responsável por todas as consequências políticas e jurídicas, bem como pela justa indignação que tal decisão gerará", desafiam.
Estes centristas apontam ainda que os dirigentes distritais que enviaram a primeira carta a defender o adiamento da reunião magna do partido "nunca reuniram os respetivos órgãos para o efeito, menos auscultaram previamente as comissões políticas concelhias, como seria imperativo e nessa medida tal carta só vincula estritamente esses dirigentes próximos da direção".