O Marítimo voltou a ser Marítimo!

O C.S.Marítimo nasceu do povo e desde muito cedo que se habituou a desafiar e a enfrentar outros ditos mais poderosos.

A garra, o talento e a determinação dos atletas que o representaram, muito depressa conquistaram a simpatia e o respeito dos madeirenses.

Ganharam e perderam, mas, jogaram sempre “olhos nos olhos”, enfrentando os seus adversários sem qualquer medo ou receio.

Saíram da ilha e representaram a Madeira e os madeirenses noutras latitudes, quando era muito mais difícil fazê-lo, quando a Madeira era ainda mais pobre e ficava mais distante de tudo…

Deixaram um rasto de admiração por onde passaram e regressaram vitoriosos, os “endiabrados campeões das ilhas”, deixando as suas gentes cheias de orgulho!

Nos anos setenta, os dirigentes do Marítimo sentiram que a ilha era pequena para um Clube assim e contra “ventos e marés”, enfrentando os descrentes e maldizentes da altura, bem como as condições discriminatórias que lhes foram impostas, ousaram levar o Glorioso C.S.Marítimo para os mais altos patamares da competição desportiva do país.

Anos depois, já representavam Portugal nas competições europeias.

Em 1997 teve que enfrentar outro desafio, talvez o mais difícil da sua longa história, evitar a “dissolução” num chamado “clube único” que os ideólogos projectaram baluarte da “Madeira Nova”.

Foi o orgulho no Clube contado e passado de país para filhos, foi a paixão e a garra de sempre, que convocaram os sócios e adeptos para um novo desafio, desta vez o da sobrevivência.

A voz dos “campeões da ilhas” voltou a fazer-se ouvir e o “Caldeirão” ferveu de emoção, de paixão e determinação:

o Marítimo continua e os poderosos voltaram a ser derrotados !

Mas, já sob o comando de um novo timoneiro, foi-se afastando da sua gente, foi abandonando a sua génese popular, foi perdendo força, garra, identidade …

Passou a ser dirigido de forma empresarial e ao estilo “quero, mando e posso”, os sócios e os adeptos passaram a valer pouco, tão pouco como o peso das suas quotas ou das receitas de bilheteira, num orçamento alimentado pelas televisões.

Foi como se os poderosos que nos habituámos a enfrentar, fossem agora “adversários” dentro do Clube !

O nosso “caldeirão” enfraqueceu, a atitude dos atletas em campo mudou, os adeptos deixaram de se rever nas suas equipas, de ter alegria em ir ao estádio…

No dia 22 de outubro, voltaram em massa, para dizer a todos os poderosos que um Clube assim, com gente desta, pode adormecer, mas, nunca morre!

Hoje, o Marítimo voltou a ser Marítimo.

Que orgulho!

Viva o Maior das Ilhas.

Luís Lemos Gomes