Finalmente, bem-vindos!
Na próxima semana arranca a sexta edição do Madeira PianoFest, na sua segunda tentativa (no ano passado, o evento teve de ser cancelado literalmente na véspera do concerto inaugural). Com a situação epidemiológica que parece estabilizada num nível que já permite encher razoavelmente as salas, mas que ainda obriga à realização dos testes TRAg para se poder assistir, será interessante (um eufemismo, certamente) ver até que ponto é que o público, tanto o de casa como o visitante, se sentirá confortável e entusiasmado para aderir a este evento em quantidade minimamente parecida aos anos anteriores. Tanto por ter de confiar o seu bem-estar à organização dum evento num espaço fechado (se bem que as medidas de segurança aplicadas no Teatro Municipal Baltazar Dias são certamente inimpugnáveis) como por se ter de submeter com alguma antecedência a um teste cuja realização praticamente obriga o interessado a uma vinculação implícita à assistência.
Por isso, o programa do festival vai de encontro à situação em que é necessário ganhar novamente a confiança, o entusiasmo e os hábitos para começar a frequentar os eventos culturais com a mesma dedicação e vontade de há alguns anos atrás. Isso quer dizer que a programação de todos os cinco concertos foi feita com o objetivo de ser acessível, variada e atraente.
Já o concerto de abertura no dia 3, um recital para piano a quatro mãos pela pianista russa Gala Chistiakova e o seu marido, o pianista italiano Diego Benocci, traz músicas sobejamente conhecidas e sempre ouvidas com prazer. Assim, farão parte do programa a abertura da ópera “A pega ladra” de Rossini, várias Danças Húngaras de Brahms, excertos dos bailados “A bela adormecida”, “O quebra-nozes” e “O lago dos cisnes” de Tchaikovsky e, para fechar, a “Rhapsody in Blue” de Gershwin.
O jovem pianista belga Philippe Raskin fará, no dia seguinte, uma viagem musical desde o barroco até ao jazz, incluindo obras de Scarlatti, Haydn, Brahms, Rachmaninov, Albéniz e Prokofiev, mas também as suas próprias improvisações sobre o tema conhecidíssimo “Summertime” de Gershwin e sobre o tema “Fiesta” de Chick Corea.
No dia 5, o pianista israelita Albert Mamriev demonstrará o melhor do virtuosismo ao piano, interpretando três transcrições de árias de óperas de Wagner efetuadas por Franz Liszt. A seguir interpretará cinco estudos (sendo um destes intitulado “Scherzo diabólico”) escritos por Charles-Valentin Alkan, um compositor romântico francês de origem hebraica, cujas obras para piano são geralmente consideradas entre as mais complexas jamais escritas para este instrumento.
Dois dias depois, no dia 7, o duo francês composto por Bertrand Giraud e Catherine Lanço apresentará um programa do qual constam as transcrições do poema sinfónico “Orfeu” de Liszt e da Sétima Sinfonia de Beethoven, tal como os “Quadros do Leste” do compositor romântico alemão Schumann.
O festival terminará no dia 11 com o recital do pianista italiano Antonio di Cristofano, que abordará vários favoritos pianísticos, desde a famosa sonata “Patética” de Beethoven, improvisos de Schubert, Arabesco de Schumann e noturnos e valsas de Chopin, a várias obras de Rachmaninov e os três prelúdios de inspiração jazzística de Gershwin, cujas obras deste modo abrem e fecham o programa do festival.
Teremos na Madeira sete pianistas de cinco nacionalidades diferentes, todos eles aqui com um objetivo comum, o de partilhar a sua arte com o público, mas também estarão aqui para demonstrar a sua vontade de ajudar ultrapassar os efeitos nocivos de confinamento e ligar-nos todos pelos laços invisíveis das emoções suscitadas pelas ondas sonoras que emanam do “rei dos instrumentos”, o piano. Estamos gratos por terem aceitado o nosso convite e estamos, desde já, gratos ao público madeirense que saberá valorizar esta dádiva cultural que só faz sentido quando se partilha ao vivo. A Associação Amigos do Conservatório de Música da Madeira, entidade promotora do festival, a Câmara Municipal do Funchal e o Teatro Municipal Baltazar Dias, coprodutores do evento, os artistas e a sua arte, a VOSSA arte – estarão à vossa espera.