Partido do Governo confirma que Alex Saab tinha missão de evitar sanções dos EUA
O partido no poder na Venezuela confirmou, na quarta-feira, que o empresário Alex Saab, tinha a missão de evitar as sanções norte-americanas contra Caracas.
Saab, considerado pela justiça norte-americana como um testa-de-ferro do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, foi extraditado no sábado de Cabo Verde para os Estados Unidos.
Alex Saab "estava encarregado de evitar todas as perseguições do imperialismo contra a pátria, e foi capaz de trazer para a Venezuela até gasolina, medicamentos e alimentos. Que lhe pagaram? Sim, é claro. Podíamos pagar a qualquer pessoa, o problema é que muito poucos quiseram desempenhar esse papel, mas muito poucos, que se contam com as mãos", disse o vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello.
Diosdado Cabello, considerado o "número dois" do regime venezuelano, falava no seu programa televisivo 'Con el mazo dando', transmitido pelo canal estatal Venezuelana de Televisão (VTV).
O responsável afirmou que Alex Saab estava radicado na Venezuela há quase 12 anos e "há dez a trabalhar com o Governo venezuelano naquilo que sabe fazer bem, que era a área comercial".
O empresário investiu na Venezuela "há quase 12 anos atrás. Depois, quando as coisas ficaram difíceis - foi aí que se viu quem é quem - Alex Saab foi dos poucos que disse estar presente. Isso tem mérito e temos de reconhecer isso", afirmou.
O político venezuelano indicou que o empresário colombiano "comportou-se melhor do que muitos que, tendo nascido na Venezuela, são traidores da pátria".
"Vamos avançar, a revolução vai avançar, e dar todo o nosso apoio a uma pessoa que arriscou a pele pela Venezuela, digam o que disserem. Estava a ganhar? Sim, claro que estava a fazer negócios, mas não duvidou nunca em apoiar a Venezuela", frisou Diosdado Cabello.
O empresário Alex Saab deixou no sábado Cabo Verde, onde estava detido desde junho de 2020, com destino aos EUA, em cumprimento do pedido de extradição das autoridades norte-americanas, disse confirmou à Lusa fonte da defesa.
Nos últimos dias, a defesa de Alex Saab viu o Tribunal Constitucional de Cabo Verde recusar vários pedidos e recursos na sequência da rejeição, em setembro, do recurso principal à decisão do Supremo Tribunal de Justiça, que tinha autorizado a extradição.
Alex Saab, de 49 anos, foi detido pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas em 12 de junho de 2020, durante uma escala técnica no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal, com base num mandado de captura internacional emitido pelos EUA, numa viagem para o Irão em representação da Venezuela, com passaporte diplomático, enquanto 'enviado especial' do Governo venezuelano.
A detenção colocou Cabo Verde no centro de uma disputa entre o regime do Presidente Nicolás Maduro, na Venezuela, que alega as suas funções diplomáticas aquando da detenção, e a Presidência norte-americana, bem como irregularidades no mandado de captura internacional e no processo de detenção.
Washington pediu a extradição de Saab, que acusou de branquear 350 milhões de dólares (295 milhões de euros) para pagar atos de corrupção do Presidente venezuelano, através do sistema financeiro norte-americano.
Após a extradição, a Venezuela acusou os EUA de, com a cumplicidade de Cabo Verde, "sequestrar" o empresário, depois de ter estado "preso arbitrariamente durante 491 dias"
Em comunicado, o Governo venezuelano salientou que "condena esta grave violação dos direitos humanos contra um cidadão, investido como diplomata e representante" do país "perante o mundo" e alertou que "este facto cria um precedente perigoso para o Direito Internacional".