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Próximo embaixador dos EUA em Pequim recomenda mais apoio militar a Taiwan

Foto: Saul LOEB / AFP
Foto: Saul LOEB / AFP

O próximo embaixador dos EUA em Pequim, Nicholas Burns, disse hoje que não se deve confiar na China relativamente a Taiwan e recomendou que se vendam mais armas a esta ilha para fortalecer a sua defesa.

Burns denunciou as recentes incursões chinesas no espaço aéreo de Taiwan, classificando-as de "repreensíveis", numa intervenção perante a Comissão de Negócios Estrangeiros do Senado.

"Claramente, não podemos confiar nos chineses nessa questão. (...) A nossa responsabilidade é fazer de Taiwan um adversário difícil", disse o futuro embaixador em Pequim, defendendo que os Estados Unidos devem continuar a fornecer armamentos para fortalecer o sistema de defesa da ilha, perante a ameaça chinesa.

Os Estados Unidos reconhecem a República Popular da China desde 1979, mas o Congresso norte-americano, ao mesmo tempo, defende o fornecimento de armas a Taiwan para sua autodefesa.

A ilha tem o seu próprio Governo desde a vitória dos comunistas na China continental, em 1949, mas Pequim considera este território uma das suas províncias e ameaça usar a força, caso Taiwan decida proclamar formalmente a independência, e o Presidente chinês, Xi Jinping, reafirmou recentemente o seu desejo de alcançar a reunificação "pacífica" do território.

Nicholas Burns, um diplomata de carreira, ocupou cargos de responsabilidade em vários Governos, tanto republicanos como democratas.

Hoje, perante o Senado, Burns usou palavras muito duras para criticar o regime chinês, que acusou de "ser um agressor da Índia, ao longo da sua fronteira com os Himalaias; do Vietname, das Filipinas e de outros países, no mar do Sul da China; e do o Japão, no mar da China Oriental".

"Pequim lançou uma campanha de intimidação contra a Austrália e contra a Lituânia", um país que recentemente reconheceu Taiwan, explicou o diplomata, denunciando ainda o "genocídio de Pequim em Xinjiang, a violência no Tibete, a repressão à autonomia e liberdades em Hong Kong e o assédio a Taiwan" que considerou serem "injustos".

Ainda assim, Burns salientou que o poder da China não deve ser sobrestimado.

"Não devemos exagerar os seus pontos fortes ou subestimar os dos Estados Unidos. O que precisamos é de ter confiança em nós mesmos", concluiu o diplomata, lembrando que Pequim "poucos amigos" e "nenhum aliado real".