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Rússia reconhece "esforços" do governo talibã para estabilizar o país

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EPA/YURI KOCHETKOV

O  ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, disse hoje que a Rússia reconhece os "esforços" dos talibãs na estabilização do Afeganistão, numa altura em que os riscos do "terrorismo" no país ameaçam toda a região.

"Nós reconhecemos os esforços levados a cabo para a estabilização e a situação política e militar", disse Lavrov durante o primeiro encontro internacional, em Moscovo, com o novo poder afegão.

Lavrov notou que existem atualmente riscos de "atividades terroristas e de tráfico de droga transbordarem do território para os países vizinhos". 

Colocando-se como Estado protetor da região, a Rússia realiza hoje em Moscovo um encontro internacional sobre o Afeganistão em que participam os representantes do autodenominado Emirado Islâmico e dez países, entre os quais a República Popular da China, o Paquistão e o Irão.

No encontro de Moscovo, os talibãs são representados pelo vice-primeiro-ministro Abdul Salam Hanafi, que já tinha participado nas negociações com os norte-americanos no Qatar e que conduziram à retirada dos Estados Unidos do país, em agosto.

O porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujadi, disse que as conversações reforçam "a estatura" do novo governo afegão.

Os Estados Unidos não participam no encontro de Moscovo.

Perante a delegação chefiada pelo vice-primeiro-ministro Abdul Salam Hanafi e o ministro dos Negócios Estrangeiros do autoproclamado Emirato Islâmico, Amir Khan Muttaqi, Lavrov apelou à "comunidade internacional" no sentido da ajuda aos afegão.

O novo regime do Afeganistão é alvo de sanções internacionais e não dispõe de fundos para conseguir empréstimos bancários ou pagar salários.

"Nós estamos convencidos que chegou o momento para a comunidade internacional se mobilizar no sentido de se conseguir ajuda humanitária, financeira e económica, nomeadamente, para impedir uma crise humanitária e êxodos migratórios", acrescentou Lavrov.

Neste sentido, o chefe da diplomacia de Moscovo lamentou a ausência de delegados norte-americanos no encontro que decorre hoje em Moscovo.

A Rússia pretende que os talibãs tomem medidas para estabilizarem a situação política e militar e que formem um governo "inclusivo" capaz de neutralizar os "grupos jhiadistas". 

Desde a tomada do poder em Cabul, em virtude da retirada dos Estados Unidos, os talibãs são confrontados por grupos armados, nomeadamente o Estado Islâmico - Khorosan (EI-K).

Na semana passada, o presidente russo Vladimir Putin expressou inquietação quanto à capacidade dos talibãs em impedir as ações dos grupos armados que "têm planos para estender a influência aos países da Ásia Central e às regiões russas".  

Nos últimos meses, Moscovo multiplicou a operacionalidade das manobras militares junto à fronteira afegã com os aliados regionais, reforçando nomeadamente a base russa no Tajiquistão.

A República Popular da China também mobilizou o Exército Popular de Libertação para manobras militares junto à fronteira com o Afeganistão. 

Os representantes russos, turcos, iranianos, europeus e dos países da Ásia Central disseram que é preciso evitar uma crise de refugiados.

Lavrov reiterou hoje que os "jhiadistas" podem vir a "esconder-se entre os fluxos migratórios".

Apesar dos contactos diretos a Rússia ainda não se pronunciou sobre o reconhecimento imediato do Emirato Islâmico como governo legítimo do Afeganistão.