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Rescaldo eleitoral de uma pequena freguesia

Vamos continuar a trabalhar arduamente em prol da Fajã da Ovelha, mesmo com as nossas limitações

A freguesia da Fajã da Ovelha teve uma disputa de eleições como nunca houve na sua história. O CDS lutava pela manutenção de um poder que possuía há 8 anos, sem qualquer oposição. O PSD queria mudar o rumo da freguesia, iniciando uma luta com uma equipa renovada, combativa e inconformada, que queria garantir o desenvolvimento da freguesia. Foi uma campanha no terreno, trabalhosa, durante a qual a equipa Social Democrata visitou, sem exceção, todas as pessoas dessa freguesia e conheceu os seus problemas.

A luta era desigual, quase impossível. De um lado, o candidato do CDS tinha maior projeção regional, porque era simultaneamente candidato à câmara municipal da Calheta e à junta de freguesia e iniciava campanha com um apoio da população de cerca de 61,83%, resultados das últimas eleições (165 votos no PSD e 337 votos no CDS num universo de 545 votantes). Do outro, eu encabeçava a candidatura do PSD tendo que, a 2 meses das eleições, formar equipa, unir as pessoas, unir o partido localmente, para em conjunto criarmos um projeto credível de ideias e arrancar com a campanha. A estratégia foi toda montada com a equipa e todos os dias discutíamos o que fazer e como fazer.

O resultado foi heroico mas faltou-nos conquistar 11 votos ao CDS para a vitória. Ganhámos a mesa da Fajã da Ovelha e perdemos a da Raposeira. O sentimento foi, no entanto, agridoce para a equipa. Mesmo com os resultados obtidos, considerados por todos impossíveis quando iniciámos a nossa jornada, no final o sentimento de “e se...” surgiu. E se tivéssemos mais uma semana... e se tivéssemos conseguido falar com as pessoas que vieram do estrangeiro de propósito para votar, muitos deles que nunca tinham exercido o seu direito de voto... e se tivéssemos tido a presença de pessoas de referência do concelho de forma assídua... e se… e se…

Para mim não há “e se...”. Só sinto orgulho na equipa que se formou, nos amigos que descobrimos, na união que se criou, no trabalho que fizemos e como conseguimos ajudar tantas pessoas e chamar à atenção para sítios completamente esquecidos, como a Lombada dos Cedros. A nossa voz fez-se ouvir nestes 2 meses e com consequências benéficas para toda a população da Fajã da Ovelha.

Para nós inicia-se agora uma nova etapa, a etapa da oposição. Sim, porque não vamos desiludir quem confiou em nós, não vamos desaparecer. Cada voto que tivemos corresponde a uma pessoa, muitas vezes com família não votante a seu cargo, que acreditou no nosso projeto e que merece a nossa dedicação. Mas também, quem não votou ou votou nas outras forças políticas tem o direito de viver num local onde a democracia funciona na sua plenitude, onde todos os cidadãos têm a benesse de ter quem trabalhe por e para eles, independentemente das suas escolhas. Assim, vamos continuar a trabalhar arduamente em prol da Fajã da Ovelha, mesmo com as nossas limitações, ajudando todas as pessoas como conseguirmos e monitorizando e fiscalizando constantemente o trabalho do atual executivo da junta de freguesia. Uma boa oposição garantirá uma melhor governação. Assumimos essa premissa e, como tal, seremos uma oposição responsável e sempre presente. Por isso, não tenho dúvidas, o executivo eleito nunca trabalhará tanto como nestes próximos 4 anos.

Não podia deixar de fazer o agradecimento público a todos os Fajã Ovelhenses que votaram em nós, mas também agradecer a todos, sem exceção, por terem exercido o seu direito de voto e terem contribuído para o funcionamento da democracia. Felicito o presidente da junta reeleito, sabendo que não terá uma tarefa fácil, até politicamente no seu próprio partido. Ia perdendo a junta de freguesia e o seu nome estará para sempre associado à queda do CDS na Calheta, pois acabou por perder o único vereador que tinham no executivo camarário. Termino felicitando os meus vizinhos da Ponta do Pargo que reconquistaram a Junta e a vitória reforçada nas outras freguesias, na Câmara Municipal e Assembleia Municipal que demonstra a manutenção e reforço da confiança dos Calhetenses.