A consideração do Exmo. Sr. Presidente
Faço parte daquela “classe (semi) média”, que desconta quase um ordenado mínimo por mês, arrisca ter carro e um teto, mas depois vive para sustentar os bancos, as prestações, os impostos IMI, IUC, ISP, IVA, IRS,... E a corrupção. Não tem direito a apoios e chega ao “fim do mês” quase pior do que se ganhasse o ordenado mínimo.
É bom vermos estradas novas, obra feita, mas também é bom ver comer no prato.
Mexer semanalmente no preço dos combustíveis, por pouco que seja, no fim do mês/ano, faz diferença. Embora possa parecer pouco, a quem tem “mais”. E não são só os combustíveis, a somar cêntimos aqui e ali...
Às vezes encho o depósito e não encho a dispensa ou a barriga como queria. E não falo de jantares de 30 ou 50 euros. Falo de um simples “prego” de 3 ou 4 euros. Menos uma refeição até pode fazer bem à linha, mas também nos fere a alma.
Sufocar o cidadão comum com impostos, sem contrapartidas decentes, não resulta apenas no corte das poupanças. Deixamos de poder ir (ocasionalmente) “sustentar” os restaurantes e o comércio local. Implica corte de cuidados básicos de saúde, educação, relacionamentos e convívios. Resulta às vezes em discussões familiares, incompreensão e em famílias fragilizadas. E famílias fragilizadas, resultam na fragilização da sociedade e do país. Se a água não chegar às raízes, a árvore vai crescer doente e pode acabar por morrer.
Somos todos ingredientes deste “bolo” que é Portugal. Quanto melhor os ingredientes (e o cozinheiro) melhor o bolo. Investir nos cidadãos, é investir na sociedade e no futuro do nosso país. No futuro de todos nós.
Duarte Sousa Melim