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Argel defende abordagem longe da predominância do "pensamento colonial" com França

O Presidente argelino Abdelmadjid Tebboune.   Foto DR
O Presidente argelino Abdelmadjid Tebboune.   Foto DR

O Presidente argelino sugeriu sábado uma atitude "longe da predominância do pensamento colonial" na abordagem aos dossiers históricos com a França, numa mensagem pelos 60 anos do massacre de argelinos em 17 de Outubro de 1961 em Paris.

Nessa noite, e quando a guerra da Argélia (1954-1962) se prolongava há sete anos, 30.000 argelinos que se manifestaram pacificamente em Paris foram violentamente reprimidos pelas forças policiais com um balanço de dezenas de mortos, com alguns investigadores a referirem-se a mais de 200 vítimas mortais.

"Reafirmo a nossa firme determinação de tratar os dossiers da História e da memória, sem complacências, nem compromissos, e com o sentido agudo das responsabilidades (...) longe das exaltações e da predominância do pensamento colonialista arrogante dos lobbies incapazes de se demarcarem do seu crónico extremismo", disse Abdelmadjid Tebboune, numa declaração na página digital da presidência argelina.

Tebboune considerou que a mortífera repressão de 17 de outubro de 1961 "demonstra o horror dos abjetos massacres e dos crimes contra a humanidade que vão permanecer gravados na memória coletiva".

Algumas horas antes da divulgação do comunicado, o Presidente argelino tinha decretado que todos os 17 de outubro, e a partir de hoje, deverão ser assinalados na Argélia com um minuto de silêncio em memória das vítimas desta tragédia.

"Que fique claro para todos que o corajoso povo argelino, orgulhoso das raízes seculares da sua nação, avança com dignidade com firmeza, determinado e mais unido que nunca, no caminho da edificação de uma Argélia soberana", acrescentou.

As relações entre Paris e Argel permanecem muito tensas em torno de diversos temas, incluindo a questão da memória histórica e o dossier da imigração, com declarações divergentes emitidas pelas duas capitais separadas pelo Mediterrâneo.

No início de outubro, Argel decidiu convocar "imediatamente" o seu embaixador em Paris, Mohamed Antar-Daoud, após declarações do Presidente francês Emmanuel Macron e divulgadas pelo diário Le Monde, que acusou o sistema "político-militar" argelino de tentar obter um "benefício memorial" ao apresentar ao seu povo uma "história oficial" que "não se apoia nas verdades".

Previamente, o embaixador da França em Argel, François Gouyette, tinha sido convocado pelo Governo argelino e notificado com um protesto oficial após o anúncio de Paris de uma forte redução dos vistos concedidos a cidadãos argelinos, marroquinos e tunisinos.

Paris justificou esta decisão devido à "recusa" destes países magrebinos de emitir os passes consulares necessários ao regresso dos imigrantes em situação irregular, e rejeitados pela França.