Projecto jornalístico Pegasus vence prémio do PE que homenageia jornalista maltesa
Os jornalistas do projeto Pegasus, coordenado pelo consórcio Forbidden Stories (Histórias Proibidas), receberam hoje o Prémio de Jornalismo Daphne Caruana do Parlamento Europeu, atribuído pela primeira vez para homenagear esta jornalista maltesa assassinada enquanto investigava casos de corrupção.
A cerimónia de entrega do prémio realizou-se esta manhã na sede do Parlamento Europeu, em Bruxelas, onde o secretário-geral da Federação Internacional de Jornalistas, Anthony Bellanger, em representação dos 29 membros do júri europeu entregou o prémio de 20 mil euros aos representantes do consórcio, Sandrine Rigaud e Laurent Richard.
Ao todo, mais de 200 jornalistas dos 27 países da UE concorreram à iniciativa com trabalhos jornalísticos, sendo que a escolha acabou por incidir sobre o consórcio de jornalistas Forbidden Stories, do projeto Pegasus, cuja missão consiste em aprofundar as investigações de casos de jornalistas assassinados, detidos ou sob ameaça.
Desde a criação do projeto, em 2017, estes jornalistas têm prosseguido o trabalho de Daphne Caruana Galizia e de outros profissionais do setor assassinados na sequência das suas investigações sobre crimes ambientais ou cartéis mexicanos, por exemplo.
O projeto conta com mais de 30 agências de notícias parceiras em todo o mundo e quase 100 jornalistas, numa rede de jornalismo colaborativo, que já foi distinguida com outros prémios prestigiosos a nível mundial, incluindo o Prémio Europeu de Imprensa e o Prémio Georges Polk.
No que toca ao galardão concedido pela primeira vez pelo Parlamento Europeu, o Prémio Daphne Caruana, foi lançado em dezembro de 2019 em homenagem à jornalista de investigação maltesa assassinada em 2017 num atentado com um carro armadilhado.
Este será um prémio anual atribuído por volta do dia 16 de outubro, data em que Daphne Caruana Galizia foi assassinada, visando distinguir o "jornalismo de excelência que fomente e defenda os princípios e valores fundamentais da União Europeia, tais como a dignidade humana, a liberdade, a democracia, a igualdade, o Estado de direito e os direitos humanos", de acordo com a assembleia europeia.
Na edição deste ano, o júri independente foi composto por representantes da imprensa e da sociedade civil dos 27 Estados membros, bem como das principais associações de jornalismo europeias.
Intervindo na cerimónia de hoje, o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, salientou que "o facto de os jornalistas serem atacados ou mesmo mortos no exercício das suas funções é intolerável".
"Os jornalistas nunca devem temer pelas suas vidas porque estão a fazer o seu trabalho", acrescentou o líder da assembleia europeia, admitindo estar "alarmado com os desenvolvimentos em alguns Estados-membros da UE onde há cada vez mais tentativas de silenciar vozes críticas e de influenciar as instituições dos meios de comunicação, muitas vezes acompanhando uma concentração económica excessiva e um declínio no pluralismo".
"Temos de encontrar formas eficazes de sancionar aqueles que restringem a liberdade dos meios de comunicação e punir devidamente aqueles que ameaçam ou atacam jornalistas", concluiu David Sassoli.