Morreu ex-ministro Baduel acusado de conspirar contra Nicolás Maduro
O ex-ministro da Defesa venezuelano Raul Isaías Baduel faleceu terça-feira, em prisão, vítima de uma paragem respiratória associada à covid-19, anunciou o Procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab através do Twitter.
"Lamentamos a morte de Raúl Isaías Baduel, de uma paragem cardiorrespiratória devido à covid-19, enquanto recebia os cuidados médicos correspondentes, tendo recebido a primeira dose da vacina", escreveu o procurador na sua conta do Twitter.
Na mesma rede social Tarek William Saab faz chegar os pêsames pelo falecimento "à sua família e amigos".
Raul Baduel estava atualmente em prisão, depois de ter sido acusado, em março de 2017, por um tribunal militar da Venezuela, de estar a conspirar para derrubar o Presidente Nicolás Maduro.
A nova acusação teve lugar no mesmo dia em que Raul Baduel deveria ter saído em liberdade, depois de cumprir sete anos e 11 meses de prisão por corrupção.
Raul Baduel foi ministro da Defesa do falecido líder socialista Hugo Chávez (que presidiu o país entre 1999 e 2013) e responsável pelo seu regresso à Presidência da República, entre 11 e 13 de abril de 2002, quando o antigo chefe de Estado foi temporariamente afastado do poder.
O tribunal ordenou que o ex-general deveria permanecer detido para responder também pelos delitos de "traição à pátria e instigação à rebelião", segundo o seu advogado, Omar Mora.
A defesa de Raul Baduel denunciou em várias oportunidades que as provas que fomentavam a nova acusação eram "ilegais e inexistentes", em particular um alegado relacionamento com "nove militares e um professor universitário" que já tinham sido detidos.
Raul Baduel fazia parte do Movimento Nacionalista e, segundo o segundo advogado, a detenção era "uma montagem para impedir que o Raul Baduel saísse em liberdade, com todos os seus direitos civis e políticos".
Raul Baduel foi comandante do Exército entre 2004 e 2006 e compadre de Hugo Chávez, de quem foi ministro da Defesa entre 2006 e 2007, altura em que questionou o projeto de 'socialismo do século XXI', do antigo presidente.
Desde então começou a apelar aos venezuelanos para fazerem oposição ao chefe de Estado, tendo sido detido pela primeira vez em 2009, por funcionários dos Serviços Bolivarianos de Inteligência (Sebin -- serviços de informação) e condenado, um ano mais tarde, a sete anos e 11 meses de prisão.
A 22 de fevereiro, nove militares venezuelanos foram detidos, por organizarem, segundo as autoridades venezuelanas, um movimento com o objetivo de gerar uma rebelião contra o poder Executivo.
Foram ainda acusados de planearem um assalto à companhia 4209 de franco-atiradores capitão Fernando Crespo para se apoderarem de 52 espingardas Dragunov, 312 carregadores, 3.200 cartuchos e 20 pistolas de nove milímetros com duas mil munições.
Raul Baduel é descrito como um preso político pela imprensa venezuelana, que dá conta que os seus dois filhos, Raúl Emílio e Josnars, estão atualmente presos por conspirarem contra o regime.
Na altura, a mulher do general, Cruz Maria de Baduel, insistiu que o marido foi aconselhado a fugar-se do país, mas que insistiu em ficar "porque a democracia na Venezuela deveria ser restituída nalgum momento" e porque "não tinha motivos para esconder-se".
Desde março de 2020 que a Venezuela está em quarentena preventiva da covid-19 e atualmente tem um sistema de sete dias de flexibilização, seguidos de sete dias de confinamento rigoroso.
O país contabilizou 4.634 mortes e 384.668 casos de covid-19, desde o início da pandemia, de acordo com dados oficiais.